Gleisi: "a audácia do assassinato no aeroporto confirma a urgência de uma ação coordenada contra o crime organizado"
O empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi assassinado no Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos
247 - O assassinato ocorrido no aeroporto de Guarulhos expôs de forma brutal a crescente ameaça das facções criminosas e do crime organizado no Brasil, e a necessidade de uma ação coordenada entre os diversos níveis de governo. Em resposta ao ocorrido, a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, usou suas redes sociais para reforçar a urgência de medidas efetivas para enfrentar esse problema, destacando a proposta do governo federal de uma mudança constitucional para intensificar o combate ao crime.
“A audácia e o horror do assassinato no aeroporto de Guarulhos confirmam a urgência de uma ação coordenada contra as facções e o crime organizado”, afirmou Gleisi Hoffmann neste sábado (9). Ela mencionou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que está sendo coordenada pelo ministro Ricardo Lewandowski, a qual visa melhorar o enfrentamento das organizações criminosas, unificando as forças e esforços de todos os níveis de governo. Para a deputada, a segurança pública deve ser tratada como uma prioridade nacional e não pode ser uma questão de disputa política.
Segundo Gleisi, “Cuidar da segurança pública é um dever do estado. Tem de ser tratada como prioridade, acima de rivalidades políticas, como vem fazendo o governo federal.” A deputada defendeu ainda que a PEC proposta pelo Executivo federal não só traz uma agenda de combate às facções criminosas, mas também um modelo de integração entre os governos estadual e federal para uma atuação mais eficiente.
Saiba mais - O empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, assassinado no Terminal 2 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, estava no centro de uma das maiores investigações já realizadas sobre a lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Conforme revelado em reportagem do jornal Estado de S. Paulo, Gritzbach desempenhou um papel crucial ao delatar o esquema de movimentação financeira da facção na zona leste de São Paulo, especialmente na região do Tatuapé.
Gritzbach firmou um acordo de delação premiada em abril de 2024, após negociações iniciadas em setembro do ano anterior. Sua colaboração com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) expôs detalhes sensíveis sobre as operações financeiras do PCC, incluindo transações com imóveis de luxo e envolvimento em negócios ligados ao futebol. Sua delação também implicava a construtora Porte Engenharia e Urbanismo, da qual ele fez parte até 2018, em supostas vendas de imóveis para traficantes e transações com pagamento em dinheiro vivo.
Delação e ameaça de morte
O perigo para Gritzbach se intensificou após o acordo de delação, quando a facção criminosa colocou uma recompensa de R$ 3 milhões por sua morte. Em dezembro de 2023, quando ainda estava em prisão domiciliar, ele foi alvo de um disparo de fuzil enquanto se encontrava em seu apartamento no Tatuapé, tentativa que falhou por pouco. No entanto, o atentado no aeroporto revelou-se fatal, encerrando uma vida cercada por traições e alianças perigosas.
Conexão com figuras do crime
A ligação de Gritzbach com o mundo do crime remonta ao início de sua carreira como corretor de imóveis na Porte Engenharia. Foi nesse período que conheceu Anselmo Bechelli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, figura importante no tráfico de drogas. Gritzbach foi acusado de desviar R$ 100 milhões em criptomoedas de Cara Preta, o que culminou na execução do traficante em 2021. O ato resultou na primeira sentença de morte contra ele, emitida pelo PCC. O assassinato de Cara Preta também levou à morte de Antonio Corona Neto, apelidado de Sem Sangue.
O executor do crime, Noé Alves Schaum, foi posteriormente capturado, julgado pelo "tribunal do crime" e executado de forma brutal por um criminoso conhecido como Klaus Barbie, em alusão ao carniceiro de Lyon, oficial nazista famoso por sua crueldade. O corpo de Schaum foi deixado em Suzano, na Grande São Paulo, e sua cabeça, exposta no Tatuapé, onde Cara Preta havia sido morto.
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