Novo ministro das Comunicações direcionou R$ 30 milhões em emendas para cidade governada pelo pai

247 - O deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA), indicado para assumir o Ministério das Comunicações, direcionou mais de R$ 30 milhões em emendas parlamentares para o município de Arame (MA), onde o prefeito é seu pai, Pedro Fernandes (União-Brasil). A informação foi revelada em reportagem do UOL.

Desde 2020, os repasses foram feitos majoritariamente para obras de pavimentação executadas pelos ministérios da Integração e do Desenvolvimento Regional e das Cidades. Arame, com pouco mais de 25,5 mil habitantes, tem recebido atenção especial do deputado, que está no terceiro mandato na Câmara.

O montante inclui R$ 5,7 milhões em emendas de relator — conhecidas como parte do chamado orçamento secreto —, além de R$ 20 milhões em emendas de comissão entre 2023 e 2024 e outros R$ 4,5 milhões em emendas individuais impositivas. A soma total destinada ao município alcança R$ 30,2 milhões.

As emendas de comissão, assim como as de relator, foram alvo de questionamentos por falta de transparência. O Supremo Tribunal Federal (STF) vetou o uso do orçamento secreto no fim de 2022 e, mais recentemente, impôs limites e exigiu maior publicidade também às emendas de comissão.

Durante o governo de Jair Bolsonaro, Pedro Lucas foi o parlamentar que mais encaminhou recursos ao Maranhão por meio dessas emendas. À época, era filiado ao PTB, partido que liderava. No ranking geral, foi o 13º que mais utilizou emendas de relator em todo o país e o primeiro em valores destinados ao Maranhão — um total de R$ 104,7 milhões.

A nomeação de Pedro Lucas para o Ministério das Comunicações ganhou força com a saída de Juscelino Filho (União), que deixou o cargo após ser denunciado por corrupção pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, a posse deve ocorrer logo após a Páscoa.

A indicação de Pedro Lucas é apoiada por figuras influentes de seu partido, como o presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A articulação para colocá-lo no ministério já estava em curso, e sua nomeação era considerada questão de tempo diante da situação de Juscelino.

Aos 45 anos, Pedro Lucas está na Câmara desde 2019. Antes disso, foi vereador em São Luís (MA) e presidiu a Agência Executiva Metropolitana (Agem), por indicação do então governador Flávio Dino. Em 2022, foi reeleito com 159,7 mil votos, o segundo deputado mais votado do estado — um crescimento de 43% em relação à eleição anterior.