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    "O Brasil se aliou à paz", diz Marcelo Zero

    Especialista em relações internacionais contesta a acusação de Zelensky contra o Brasil, sobre suposta aliança com a Rússia

    Marcelo Zero, Luiz Inácio lula da Silva e Vladimir Putin (Foto: Reprodução | Reuters)

    247 – Em resposta às declarações do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o especialista em relações internacionais Marcelo Zero, que é também colunista do Brasil 247, rebateu a acusação de que o Brasil teria se "aliado" à Rússia. Para Zero, a posição brasileira é clara: "O Brasil não se ‘aliou’ à Rússia, por motivos comerciais ou quaisquer outros. O que Brasil fez e faz é não aderir à guerra e às sanções feitas sem o aval da ONU".

    Zero destaca que a postura do Brasil no conflito ucraniano é caracterizada por um enfoque legalista, equilibrado e cuidadoso. "O Brasil condenou, por diversas vezes, a intervenção militar, mas se recusa a aderir às sanções implementadas sem o aval do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) e a participar de qualquer ‘esforço de guerra’", afirmou o especialista. Segundo ele, o país tem envidado esforços para contribuir com uma solução negociada que conduza à paz.

    No dia 23 de maio, Brasil e China apresentaram diretrizes para uma solução pacífica e realista na Ucrânia, insistindo que a Rússia deve participar das negociações. "Negociações sem a Rússia, como Zelensky quer fazer na Suíça, são, obviamente, fantasiosas e inexequíveis", comentou Zero, reiterando que a posição brasileira reflete a de muitos países ao redor do mundo.

    Resposta Oficial do Brasil

    O assessor especial da presidência da República e ex-chanceler, Celso Amorim, também se pronunciou, rejeitando qualquer tentativa de caracterizar o Brasil como um país que toma partido no conflito entre Rússia e Ucrânia. Amorim respondeu diretamente a Zelensky, que havia questionado a prioridade do Brasil em aliar-se com um "agressor". Amorim declarou: "Não jogamos duro com a Ucrânia, não defendemos a Rússia, mas estamos convencidos de que a paz só virá pelas negociações. E também achamos que a China terá um papel importante nesse processo".

    Amorim, em visita recente à China, assinou uma nota conjunta com o chanceler chinês Wang Yi, afirmando que qualquer negociação de paz deve incluir a Rússia. Esta posição, sustentada por ambos os países, foi motivada pela convocação de uma reunião na Suíça, nos dias 15 e 16 de junho, da qual a Rússia não participará. Tanto Brasil quanto China declararam que não acreditam num processo de paz sem a presença russa.

    Além disso, Amorim destacou que, desde o início do conflito, o Brasil condenou a invasão da Ucrânia, mas sempre buscou o diálogo como solução, mantendo uma posição pela paz. Esta postura tem sido reafirmada em diversas ocasiões pelo governo brasileiro.

    A Importância do Diálogo e da Negociação

    Durante sua visita à China, Amorim também se reuniu com o chanceler Wang Yi e ambos apresentaram uma proposta conjunta para negociações de paz. Esta foi a primeira vez que a China assinou um documento desse tipo com um terceiro país, evidenciando a seriedade e a importância do esforço conjunto pela paz.

    A proposta, embora tenha irritado Zelensky, reafirma a necessidade de incluir a Rússia nas negociações. Tanto Brasil quanto China se recusaram a participar da reunião na Suíça, ressaltando que sem a Rússia, qualquer negociação seria ineficaz. O documento conjunto defende ainda o aumento da assistência humanitária e a proteção de civis, além de apelar às partes em conflito para respeitarem três princípios: não expansão do campo de batalha, não escalada dos combates e não inflamação da situação.

    Esta iniciativa sublinha a crença de que o diálogo e a negociação são as únicas soluções viáveis para a crise na Ucrânia. Desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, a China manteve uma postura de defesa do diálogo, enquanto o Brasil condenou a invasão, mas se posicionou firmemente a favor de uma solução pacífica.

    Celso Amorim também aproveitou sua visita à China para explorar projetos de tecnologia, incluindo uma visita à gigante Baidu para conhecer seus avanços em inteligência artificial, mostrando o amplo escopo de cooperação entre Brasil e China além da questão ucraniana.

    Em resumo, a posição do Brasil, reafirmada por Marcelo Zero e Celso Amorim, é de uma aliança com a paz, buscando sempre o diálogo e a negociação como caminho para resolver o conflito, sem ceder a pressões externas para se envolver em um esforço de guerra.

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