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Parlamentares brasileiros alertam congressistas do EUA para articulação de bolsonaristas e Trump contra o Brasil

Carta alerta sobre articulação com a ala mais radical do Partido Republicano contra as instituições brasileiras caso Donald Trump vença as eleições dos EUA

Ex-presidente dos EUA Donald Trump durante comício em Greensboro, EUA, 22/10/2024 (Foto: REUTERS/Carlos Barria)

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247 - Uma delegação de parlamentares bolsonaristas está organizando uma visita aos Estados Unidos para os dias seguintes à eleição americana, programada para a próxima terça-feira. O objetivo da missão é articular com a ala mais radical do Partido Republicano uma pressão sobre as instituições brasileiras. O temor no Palácio do Planalto, segundo informações da coluna do jornalista Jamil Chade, do UOL, é que uma possível vitória de Donald Trump transforme a Casa Branca em um centro de operações para o fortalecimento de grupos de extrema direita na América Latina, incluindo o Brasil.

Neste final de semana, foi revelada a informação de que ex-conselheiros de Trump elaboraram um projeto que discute abertamente a necessidade de direcionar recursos da ajuda ao desenvolvimento dos EUA para financiar grupos que se opõem aos movimentos de esquerda na região.

Em resposta a essa ameaça, uma carta foi enviada nesta segunda-feira (4) a congressistas americanos por deputados e senadores brasileiros, alertando sobre a iminente visita e os riscos que ela pode representar. O documento, assinado por figuras como os senadores Eliziane Gama e Humberto Costa, e os deputados Henrique Vieira, Jandira Feghali, Rafael Brito e Rogério Correia, ressalta que a visita dos parlamentares de extrema direita está prevista para novembro deste ano.

Ainda de acordo com a reportagem, a carta, coordenada pelo Instituto Vladimir Herzog, foi enviada especificamente aos deputados democratas dos EUA que estiveram envolvidos nas investigações sobre os ataques ao Capitólio em 2021, como Jamie Raskin e Sydney Kamlager-Dove, além do senador Bernie Sanders. O Instituto também organizou, em maio, uma aliança entre deputados americanos e brasileiros que defendem a democracia, visando a troca de informações e cooperação.

O receio é que a operação em curso pretendida pelos bolsonaristas receba mais apoio caso Trump vença a eleição. A viagem deve incluir parlamentares como Marcel Van Harten e Bia Kicis, além de outros membros da base bolsonarista.

A carta de alerta destaca que a visita tem o “claro objetivo de promover uma narrativa falsa de que o Brasil vive sob uma 'ditadura judicial', utilizando redes de desinformação para minar as instituições democráticas brasileiras.” Essa retórica, que já foi amplificada por personalidades como Elon Musk, dono da rede social X, busca deslegitimar o Supremo Tribunal Federal (STF) e justificar os ataques violentos às instituições, como os ocorridos em 8 de janeiro de 2023.

Os parlamentares que assinaram a carta alertam que a desinformação tem sido utilizada de maneira estratégica para atacar o sistema eleitoral e o Judiciário no Brasil. Um exemplo citado é a decisão de Elon Musk de fechar o escritório do X (antigo Twitter) no Brasil, após desobedecer ordens judiciais para conter a disseminação de informações falsas. O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido da justiça brasileira, também é mencionado como um ativo disseminador de desinformação através de plataformas internacionais.

A visita programada dos parlamentares brasileiros deve ser interpretada como parte de uma ofensiva mais ampla. “Eles buscarão apoio de figuras políticas americanas que compartilham uma visão de oposição às instituições democráticas e ao sistema judicial, utilizando a narrativa de 'perseguição política' para justificar seus atos”, afirmam os signatários no documento

A carta ainda recorda que um grupo de parlamentares republicanos nos Estados Unidos, incluindo a deputada Maria Elvira Salazar e o senador Rick Scott, enviou recentemente uma carta ao Secretário de Estado, Antony Blinken, solicitando a revogação de vistos para ministros do STF, como Alexandre de Moraes. Essa comunicação retrata falsamente a Suprema Corte como um instrumento de repressão política.

A ofensiva é reforçada pela proposta do projeto de lei No Funding or Enforcement of Censorship Abroad Act, que busca cortar o financiamento de iniciativas contra a desinformação e limitar a colaboração entre agências dos EUA e do Brasil. “Esses esforços coordenados demonstram uma tentativa clara de deslegitimar o trabalho das instituições democráticas brasileiras e enfraquecer a colaboração internacional, essencial para enfrentar a desinformação e proteger a democracia”, diz o documento.

Os parlamentares também tentam “instrumentalizar” organismos internacionais, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, como parte de um esforço coordenado para internacionalizar suas demandas e exercer pressão sobre o Brasil.

“Ainda que o Brasil reafirme seu compromisso com a normalidade democrática, suas instituições continuam sob ataques e ameaças constantes. As ofensivas incluem campanhas de desinformação, discursos golpistas e esforços deliberados para desacreditar o sistema judiciário e as forças de segurança”, alertam.

Para os signatários da carta, a pressão internacional que esses grupos tentam construir visa desestabilizar conquistas recentes e minar a legitimidade dos avanços institucionais, mantendo o ambiente político em um estado de tensão permanente. “Embora não representem a maioria de nosso legislativo, esses grupos extremistas constituem uma ameaça perigosa às instituições democráticas e à estabilidade política”, concluem.

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