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    Preso pela PF por tentativa de golpe e plano para matar Lula, militar defendeu "medida radical" diante de Bolsonaro

    Mario Fernandes aparece em vídeo de reunião em que Bolsonaro e ministros discutem formas de minar a confiança nas eleições e tomar medidas antes do pleito

    Jair Bolsonaro (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil | Marcelo Camargo/Agência Brasil | Reuters/Adriano Machado)

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    247 - A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta terça-feira (19), a Operação Contragolpe, desarticulando uma organização criminosa composta por militares e apoiadores de Jair Bolsonaro (PL). O grupo é acusado de planejar assassinatos do presidente Lula (PT), do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, como parte de um plano maior para implantar uma ditadura no Brasil.

    Além do policial federal Wladimir Matos Soares e dos militares do Exército Helio Ferreira Lima (tenente-coronel), Rodrigo Bezerra Azevedo (major) e Rafael Martins de Oliveira (major), foi preso também o general de brigada da reserva Mario Fernandes. Todos os militares eram ligados às forças especiais, os chamados "kids pretos", do Exército.

    Mario Fernandes foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República em 2022 e atualmente ocupa o cargo de assessor do deputado e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello (PL-RJ).

    Em julho de 2022, Fernandes, conforme relata reportagem do g1, defendeu em reunião ministerial, na presença de Jair Bolsonaro (PL), "alternativas" antes das eleições presidenciais daquele ano, e admitiu o risco de "conturbar o país". A fala consta em gravação apreendida no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Na ocasião, ministros de Bolsonaro discutiam formas de minar a confiança no sistema eleitoral e tomar medidas antes do pleito.

    Fernandes defendeu que o governo Bolsonaro desse um prazo para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cobrando que os Três Poderes fiscalizassem as eleições: "nós temos que...um prazo para isso acontecer, por parte do Judiciário, do TSE, e uma previsão de uma próxima reunião pra alternativas se isso não acontecer nesse prazo".

    Ele ainda citou uma "medida mais radical": "daqui a pouco nós estamos nas vésperas do primeiro turno. E aí, com a própria pressa internacional, a liberdade de ação do senhor e do governo vai ser bem menor. A população vai começar a acreditar: 'não, tá tranquilo, o governo não tomou a medida mais radical, tá tranquilo'. Então, eu acho que realmente nós temos que ter um prazo para que isso aconteça, e não... para que eles raciocinem que é importante avaliar essa possibilidade. Mas principalmente, para que uma alternativa seja tomada, como o senhor bem disse, antes que aconteça".

    O militar também fez referência ao golpe militar de 1964. "Porque no momento que acontecer, o que vai acon... É 64 de novo? É uma junta de governo? É um governo militar? É um atraso de tudo que se avançou no país? Porque isso vai acontecer. O país vai ser todo desarticulado. Eu não tô falando dos nossos postos não. Eu tô falando do país como um todo, todo o planejamento estratégico vai ser desarticulado".

    "Então, tem que ser antes. Tem que acontecer antes, como nós queremos, dentro de um estado de normalidade. Mas é muito melhor assumir um pequeno risco de conturbar o país, pensando assim para que aconteça antes, do que assumir um risco muito maior da conturbação quando a fotografia lá for de quem a fraude determinar", continuou.

    Plano de assassinato - A Operação Contragolpe, desta terça-feira (19), revelou que os presos pela Polícia Federal tinham um plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes. Batizado de “Punhal Verde e Amarelo”, o plano previa o assassinato de Lula e Alckmin no dia 15 de dezembro de 2022, além da prisão e execução de Alexandre de Moraes. Segundo a PF, o grupo havia monitorado o ministro do STF por semanas e possuía conhecimento técnico-militar avançado para executar as ações.

    A investigação revelou ainda que o grupo tinha um projeto para instituir um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, comandado pelos golpistas, com o objetivo de administrar os conflitos resultantes do golpe de Estado e consolidar o regime autoritário.

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