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    Rússia e China estão no centro das mudanças globais, diz José Dirceu

    Na entrevista, José Dirceu ressaltou que os dois países representam um caminho alternativo ao neoliberalismo financeiro

    (Foto: Lula Marques)
    Redação Brasil 247 avatar
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    247 –  Em entrevista concedida ao jornalista Breno Altman, editor do Opera Mundi, o ex-ministro José Dirceu analisou a crescente influência de Moscou e Pequim no panorama internacional. O diálogo, registrado no canal de entrevistas Opera Mundi no YouTube, jogou luz sobre as transformações em curso e o impacto desses países no equilíbrio de forças globais. Para Dirceu, tanto a Rússia de Vladimir Putin quanto a liderança chinesa têm adotado estratégias de negociação e cooperação que se contrapõem ao modelo hegemônico norte-americano.

    Vamos lembrar que o Putin foi a Minsk, assinou os acordos que a Alemanha e os Estados Unidos acabaram rasgando depois, admitindo publicamente que o objetivo era ganhar tempo para armar a Ucrânia”, declarou o ex-ministro, referindo-se aos desdobramentos que levaram ao atual conflito no Leste Europeu. Em sua visão, existe um interesse em frear o crescimento russo, sobretudo no campo tecnológico, para evitar que Moscou atinja o patamar de poder já alcançado pela China.

    Caminhos alternativos ao capitalismo neoliberal

    Na entrevista, José Dirceu ressaltou que tanto Rússia quanto China representam um caminho alternativo ao neoliberalismo financeiro capitaneado pelos EUA. “Mostram que há um caminho de desenvolvimento, combate à desigualdade, à pobreza e uma revolução tecnológica e cultural de bem-estar”, pontuou. Segundo ele, as duas nações exemplificam a busca por autonomia e soberania em áreas sensíveis, como tecnologia e finanças, afastando-se das regras impostas pelos grandes mercados internacionais.

    Para Dirceu, a China tem dado provas dessa independência ao não se submeter plenamente às exigências de capitais estrangeiros. “Eles conseguiram se integrar ao mercado mundial sem se submeter do ponto de vista financeiro e tecnológico”, comparou, destacando as dificuldades enfrentadas pelo Brasil nesse mesmo processo.

    BRICS e a hegemonia do dólar

    Outro tema abordado na conversa com Breno Altman foi o papel dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Dirceu vê possibilidade de o grupo oferecer alternativas ao sistema global ancorado no dólar. “Nós estamos assistindo a uma nova fonte de financiamento, uma nova aliança política e cambial”, enfatizou, lembrando que o atual modelo favorece as potências ocidentais e fragiliza economias emergentes. Ele também avaliou que os bancos de desenvolvimento, como o BNDES, podem ser fundamentais para financiamento e projetos estruturantes.

    Reforma tributária e dependência financeira

    José Dirceu defendeu a necessidade urgente de uma reforma tributária no Brasil, argumentando que o país se encontra em uma “armadilha” de dependência financeira. Para ele, a falta de tributação de grandes fortunas e setores privilegiados — como o agronegócio e a mineração — perpetua a crise e reduz a capacidade de investimento público em áreas sociais e tecnológicas. “Nós vivemos essa agonia, resultado da correlação de forças na Câmara e no Senado”, observou, destacando que direitos históricos conquistados na Constituição de 1988 correm risco diante de ajustes orçamentários que afetam os mais pobres.

    Revolução social e consciência política

    Durante a entrevista, Dirceu voltou a falar em “revolução social” como via para as profundas mudanças estruturais que o Brasil necessita. Ele destacou, ainda, a relevância de ampliar o debate público acerca de soberania e educação. “Nós precisamos fazer uma campanha nacional para explicar por que estamos nessa situação”, afirmou, sugerindo mobilizações políticas e sociais para frear o conservadorismo e o poder desproporcional do sistema financeiro no país. Assista:

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