"Se eu ainda fosse deputado, votaria com o Rui Falcão e contra o ajuste fiscal", diz José Genoino

247 - Em entrevista ao programa Bom Dia 247, José Genoino, ex-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), manifestou apoio à postura do deputado Rui Falcão (PT-SP), que votou contra a emenda constitucional do pacote de ajuste fiscal do governo Lula. Genoino criticou duramente as medidas que considera prejudiciais aos mais pobres e reafirmou seu compromisso histórico com a defesa dos direitos sociais.

“Abono salarial, a questão do critério para aumentar o salário mínimo, mudanças no BPC [Benefício de Prestação Continuada], com essa conjuntura atual da hegemonia do mercado financeiro, diante das especulações que o mercado está fazendo para enfrentar o governo Lula, não dá para mexer nos direitos sociais das pessoas mais carentes, por isso, se estivesse lá [no Congresso], votaria como o deputado Rui Falcão”, declarou Genoino.

A fala reforça as críticas às medidas do pacote de ajuste fiscal, mesmo após sua desidratação. Conforme apontado por Rui Falcão em entrevista à Folha de S.Paulo, as propostas, ainda que não eliminem direitos, acabam por reduzi-los. “Você, apesar de não estar tirando direitos, está reduzindo direitos. O abono vai ser menor, o salário mínimo vai ser menor, os valores vão diminuir”, afirmou Falcão.

Genoino também destacou o impacto da hegemonia do mercado financeiro na formulação de políticas públicas e criticou o alinhamento das medidas econômicas às demandas especulativas. Ele reafirmou que o papel do PT deve ser a defesa das conquistas sociais e a luta por novos direitos.

A postura de Rui Falcão, que já presidiu o PT e tem proximidade pessoal com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ganha relevância por sua trajetória no partido. Ele foi acompanhado por outros dois deputados da sigla, Marcon (RS) e Natália Bonavides (RN), mas sua liderança tornou o voto de dissidência especialmente significativo.

Para Genoino, a decisão de Falcão resgata princípios fundamentais da sigla. “Esse é o PT que eu conheço: aquele que defende os mais pobres e não se curva ao mercado”, concluiu.