Rubens Paiva, cuja história veio à tona com 'Ainda estou aqui', foi alvo dos EUA por defender Jango e a democracia
Revelações da CIA confirmam que os Estados Unidos monitoraram e perseguiram líderes nacionalistas brasileiros, reforçando seu papel no golpe de 1964
247 – A liberação de documentos secretos pelo governo dos Estados Unidos sobre o assassinato de John Kennedy revelou, mais uma vez, a participação direta da Casa Branca e da CIA no golpe militar de 1964 e na perseguição sistemática a líderes nacionalistas brasileiros. Entre os alvos dessa repressão, além de João Goulart e Leonel Brizola, estava Rubens Paiva, ex-deputado federal e ferrenho defensor da democracia, cujo assassinato pela ditadura foi resgatado no filme "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles Jr., vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro neste ano de 2025.
Paiva, engenheiro e parlamentar cassado pelo regime militar, era visto como uma ameaça aos interesses americanos por sua proximidade com Jango e sua defesa de um Brasil soberano e independente das amarras do imperialismo. Os documentos revelados nesta semana indicam que os Estados Unidos não apenas monitoraram seus passos, como também incentivaram a repressão contra ele e outros líderes trabalhistas.
A perseguição a Paiva e a aliança dos EUA com a ditadura
Rubens Paiva teve seu mandato cassado logo após o golpe de 1964 e, anos depois, foi sequestrado e assassinado por agentes do regime militar em 1971. Seu corpo nunca foi encontrado, tornando-se um dos símbolos mais brutais da ditadura. Os documentos liberados pelo governo Trump nesta semana mostram que a interferência americana na política brasileira não se restringiu ao apoio aos generais golpistas, mas incluiu uma política sistemática de eliminação de opositores e líderes nacionalistas. As informações se conectam diretamente com o que foi revelado recentemente sobre Brizola: o ex-governador foi espionado e perseguido pela CIA, especialmente por sua atuação na Cadeia da Legalidade e sua resistência à ditadura.
Do golpe ao cinema: a redescoberta de Rubens Paiva
O filme "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles Jr., trouxe a história de Paiva ao público internacional de forma impactante, reconstruindo o papel de sua esposa, Eunice Paiva, durante sua ausência forçada. O longa conquistou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2025, reforçando a importância de se revisitar os crimes da ditadura e a cumplicidade estrangeira na repressão política no Brasil.
O reconhecimento da obra no maior prêmio do cinema mundial ocorre em um momento crucial, quando as revelações sobre a participação dos Estados Unidos no golpe militar e na perseguição a opositores se tornam cada vez mais irrefutáveis. Assim como João Goulart e Leonel Brizola, Rubens Paiva foi um dos muitos brasileiros que pagaram com a própria vida por defender um país soberano, democrático e voltado para os interesses do povo.
A sombra da CIA sobre o Brasil
A nova leva de documentos da CIA confirma que a guerra travada pelos Estados Unidos contra os líderes nacionalistas brasileiros foi implacável. O medo de que o Brasil seguisse um caminho independente levou o governo americano a fomentar golpes, monitorar lideranças progressistas e apoiar diretamente a repressão violenta promovida pela ditadura militar.
Os casos de Jango, Brizola e Paiva são exemplos claros de como os interesses estrangeiros influenciaram tragicamente os rumos da história brasileira. No entanto, a resistência de suas ideias segue viva. A história de Rubens Paiva, antes silenciada, hoje ecoa pelo cinema mundial e pelos documentos que, pouco a pouco, revelam a verdade sobre um dos períodos mais sombrios do Brasil. Confira fala de Rubens Paiva naquele período:
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