Ameaça de Trump contra os BRICS se voltaria contra os Estados Unidos
Economistas alertam que tarifas de 100% planejadas por Trump acelerariam a desdolarização e trariam impacto negativo aos consumidores americanos
247 – O recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu tensões no comércio global ao ameaçar os países do BRICS com tarifas de importação de 100%. A medida visa impedir que o bloco econômico avance na criação de uma moeda própria que possa desafiar o dólar americano. A declaração foi feita por Trump em sua rede social, Truth Social, como parte de sua estratégia para "restabelecer a primazia econômica global" após assumir o cargo em janeiro de 2025.
"A ideia de que os países do BRICS estão tentando se afastar do dólar enquanto ficamos parados e assistimos ACABOU", afirmou Trump. Ele acrescentou que exigirá um compromisso formal do bloco para não desenvolver uma nova moeda e advertiu: "Não há chance de que o BRICS substitua o dólar americano no comércio internacional, e qualquer país que tente deve dar adeus à América".
As ameaças, porém, enfrentaram críticas contundentes de especialistas e líderes internacionais, reportadas pela Sputnik. Segundo o economista britânico Rodney Shakespeare, cofundador do Movimento pela Justiça Global, as ações propostas por Trump seriam contraproducentes. "Se os EUA prosseguirem com uma grande guerra comercial contra os BRICS, coletivamente ou individualmente, pode ser uma guerra que os EUA perderão", avaliou Shakespeare. Ele destacou que o BRICS, que reúne 35% da economia global e 40% da população mundial, teria capacidade de responder de forma unificada às medidas agressivas dos Estados Unidos.
O senador russo Aleksei Pushkov também minimizou as ameaças de Trump, classificando-as como "bravatas políticas" que dificilmente se concretizariam. "Donald Trump finge que tudo pode ser resolvido com um passo decisivo, mas a realidade econômica global não funciona assim", afirmou Pushkov.
Impactos econômicos preocupantes
Dados revelam que os Estados Unidos possuem um déficit comercial de quase US$ 433,5 bilhões com os países do BRICS, que fornecem uma ampla gama de produtos essenciais, desde medicamentos e equipamentos médicos até minerais de terras raras e máquinas. Enquanto isso, as exportações americanas, como petróleo, automóveis e armas, enfrentam forte concorrência no mercado internacional.
No comércio intra-BRICS, cerca de 65% das transações já são realizadas em moedas locais, reduzindo a dependência do dólar. Shakespeare alertou que a imposição de tarifas levaria a "enormes aumentos nos preços de consumo nos EUA", agravando a inflação e prejudicando a economia americana. Além disso, ele destacou que uma guerra comercial desse porte poderia acelerar a desdolarização global e enfraquecer a posição econômica dos EUA.
Especialistas também observam que os setores mais avançados da economia americana, como propriedade intelectual, serviços financeiros e tecnologia, poderiam sofrer com a criação de alternativas locais promovidas pelos países do BRICS.
A ameaça de Trump reflete uma tentativa de reafirmar a hegemonia americana em um cenário global que se torna cada vez mais multipolar. No entanto, segundo analistas, as consequências de uma guerra comercial desse porte poderiam ser devastadoras para os próprios Estados Unidos, ao exacerbar a dependência econômica e expor as fragilidades de sua estratégia unilateral.
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