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    Armínio contesta sucesso do governo Lula e diz que Brasil deveria ter sido rebaixado

    Agências de risco, no entanto, têm melhorado as perspectivas da economia brasileira

    Luiz Inácio Lula da Silva (à esq.) e Armínio Fraga (Foto: REUTERS/Rodolfo Buhrer | Felipe L. Gonçalves/Brasil 247)

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    247 – O economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, lançou críticas contundentes à atual situação fiscal do Brasil, contestando o otimismo em relação ao governo Lula e argumentando que o país deveria ter sido rebaixado em sua avaliação de crédito. Em uma entrevista ao Estadão, Fraga expressou surpresa com a decisão da agência de classificação de risco Moody's de melhorar a perspectiva da nota de crédito do governo brasileiro, especialmente considerando o cenário fiscal desafiador.

    Para Fraga, a deterioração das finanças públicas brasileiras é evidente e há muito tempo percebida. Ele ressaltou que a capacidade do país em honrar seus compromissos externos não é suficiente para compensar as deficiências no campo fiscal. Fraga destacou que, apesar das reformas implementadas desde 2016, não há uma trajetória clara de progresso na área fiscal, o que levanta dúvidas sobre a eficácia das políticas adotadas. A Moody's, no entanto, discorda. Saiba mais:

    Reuters - A Moody's reafirmou nesta quarta-feira (16) a classificação de risco de crédito do Brasil em Ba2 e alterou a perspectiva do país de "estável" para "positiva", conforme comunicado da agência de rating.

    No texto, a agência avaliou que as perspectivas de crescimento real (descontada a inflação) do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil são mais robustas do que nos anos pré-pandemia, "apoiadas pela implementação de reformas estruturais em múltiplas administrações, bem como pela presença de barreiras de proteção institucionais que reduzem a incerteza em torno da direção política futura".

    Conforme a Moody's, a alteração da perspectiva para "positiva" é sustentada pela avaliação de que "um crescimento mais robusto, combinado com um progresso contínuo, embora gradual, em direção à consolidação fiscal, pode permitir a estabilização do peso da dívida do Brasil".

    "A Moody's espera que o crescimento real do PIB fique em média em torno de 2% em 2024-25 e no médio prazo, bem acima da taxa média anual pré-pandemia de -0,5% observada em 2015-19", afirmou a agência.

    "O crescimento mais robusto do PIB nos últimos anos e no curto e médio prazo é, em parte, o resultado de reformas estruturais implementadas ao longo de sucessivas administrações", acrescentou no comunicado.

    No entanto, a agência pontuou que existem riscos para a execução, por parte do governo, da consolidação do orçamento.

    Ao tratar da manutenção do rating Ba2, a Moody's citou a dívida ainda elevada do Brasil.

    "A classificação Ba2 reflete uma solidez fiscal ainda relativamente fraca, dada a rigidez dos gastos do Brasil, o elevado peso da dívida e a fraca capacidade de pagamento da dívida, que permanece sensível a choques econômicos ou financeiros", afirmou a agência.

    "A Moody's espera que o peso da dívida provavelmente aumente ligeiramente em 2024-25, antes de se estabilizar dentro de alguns anos", acrescentou.

    Uma das principais agências globais de rating de crédito, a Moody’s mantém a classificação Ba2 para o Brasil desde fevereiro de 2016, o que coloca o país no grupo de “grau especulativo”.

    REAÇÃO DO GOVERNO - Em nota, o Ministério da Fazenda comemorou a mudança de perspectiva para o rating do país.

    "Essa decisão é a primeira movimentação da Moody’s desde 2018, quando houve a mudança de perspectiva de negativa para estável, e reforça a melhoria na trajetória da nota de crédito verificada desde 2023, com a elevação do rating tanto pela S&P quanto pela Fitch", afirmou o ministério, citando as duas outras agências globais de classificação de risco.

    Em dezembro do ano passado a S&P elevou a nota de crédito de longo prazo do Brasil para BB, de BB-. Antes disso, em julho de 2023, a Fitch havia elevado a nota de crédito do Brasil para BB, ante BB-. Ainda assim a classificação do país permaneceu em terreno especulativo em ambas as classificações.

    Em sua conta na rede social X, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também destacou a decisão da Moody's.

    "A Moody’s acompanhou as outras agências de risco ao reconhecer a mudança para melhor das nossas perspectivas econômicas. Isso tem a ver com o trabalho conjunto dos três poderes, que colocaram os interesses do país acima de divergências superáveis", escreveu Haddad.

    "Mesmo com a deterioração momentânea da economia global, o Brasil caminha e recupera credibilidade econômica, social e ambiental", acrescentou.

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