Bilionários rompem com Trump e alertam para "inverno nuclear econômico" causado por tarifas
Medidas do presidente americano provocam reações negativas entre líderes empresariais, que temem recessão global e perda de confiança internacional
247 - As novas tarifas de importação anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, provocaram uma onda de críticas entre bilionários e líderes empresariais que até recentemente estavam entre seus apoiadores. De acordo com reportagem da CNN, empresários de peso temem que as medidas possam desencadear uma grave recessão global, aumentar a inflação e isolar economicamente os Estados Unidos.
Um dos alertas mais contundentes veio de Bill Ackman, CEO da Pershing Square Capital Management e antigo apoiador de Trump, que classificou as tarifas como o início de uma “guerra nuclear econômica”. Em uma publicação na rede X, Ackman declarou: “os investimentos empresariais vão parar, e os consumidores vão fechar as carteiras”. E acrescentou: “Vamos prejudicar seriamente nossa reputação com o resto do mundo, e levará anos ou até décadas para recuperá-la”.
Trump anunciou, na última quarta-feira (2), a aplicação de tarifas “recíprocas” mais altas contra dezenas de países com os quais os EUA têm déficit comercial. A medida já entrou parcialmente em vigor no sábado (5), com uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações. A partir de quarta-feira, novas sobretaxas ainda mais pesadas serão impostas, especialmente contra China (34%) e União Europeia (20%).
Ackman fez um alerta direto aos empresários: “Qual CEO e qual conselho de administração se sentiriam confortáveis em fazer compromissos econômicos grandes e de longo prazo nos EUA em meio a uma guerra econômica nuclear?”. E concluiu que “o presidente está perdendo a confiança dos líderes empresariais ao redor do mundo”.
Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, também se manifestou com preocupação. Em sua tradicional carta anual aos acionistas, divulgada na segunda-feira (7), afirmou que “as tarifas recentes provavelmente aumentarão a inflação e estão fazendo muitos considerarem uma maior probabilidade de recessão”. Dimon ponderou ainda que “ainda é uma dúvida se o pacote de tarifas causará uma recessão, mas ele certamente desacelerará o crescimento”.
Stanley Druckenmiller, fundador da Duquesne Family Office, também demonstrou desconforto. Ele afirmou em uma publicação na rede X que “não apoia tarifas acima de 10%”. Sua fortuna, estimada em US$ 11 bilhões segundo o Bloomberg Billionaires Index, o coloca entre os empresários mais influentes do setor financeiro.
O investidor Ken Fisher, fundador da Fisher Investments, foi ainda mais duro: “O que Trump anunciou na última quarta-feira é estúpido, errado, arrogantemente extremo, ignorante em termos comerciais e direcionado a um problema inexistente com ferramentas equivocadas”. Embora evite comentar políticas presidenciais publicamente, Fisher justificou sua crítica dizendo que “sobre tarifas, Trump passou muito dos limites”.
As reações do mercado não tardaram. Bolsas em todo o mundo sofreram quedas nos dias seguintes ao anúncio das tarifas, embora tenham se recuperado parcialmente na Ásia com a expectativa de que o pacote de medidas possa fracassar. No entanto, o temor permanece entre analistas e investidores, que avaliam a escalada protecionista como um risco considerável à estabilidade econômica global.
Enquanto Trump insiste na retórica de proteção à indústria americana, os sinais vindos de Wall Street e de outros centros financeiros globais indicam uma crescente insatisfação entre seus antigos aliados mais poderosos — e a possibilidade de que o apoio da elite empresarial se desfaça diante de uma política comercial que muitos consideram autodestrutiva.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: