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    Carrefour se dobra ao Brasil e fará pedido de desculpas formal ao País

    Rede varejista francesa disseminou mentiras sobre a carne brasileira, sofreu boicote e agora apresentará carta ao governo

    Carrefour (Foto: Paulo Whitaker / Reuters)

    247 – O Carrefour, uma das maiores redes varejistas do mundo, enfrenta uma crise sem precedentes após declarações do CEO global, Alexandre Bompard, questionarem a qualidade e os padrões da carne oriunda do Mercosul. De acordo com informações do Valor Econômico, Bompard prepara um pedido de desculpas formal ao Brasil, que será entregue ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, pela embaixada da França, possivelmente nesta terça-feira (26).

    As declarações de Bompard, feitas na última quarta-feira (20), afirmaram que produtos sul-americanos não atendiam às exigências francesas e que a rede não comercializaria mais carne do Mercosul. Além disso, ele sugeriu que a atitude deveria mobilizar a sociedade francesa. A repercussão à acusação mentirosa e protecionista foi imediata, gerando uma onda de boicotes por parte de empresas e consumidores brasileiros, além de fortes críticas políticas e diplomáticas.

    No documento em elaboração, o Carrefour promete reforçar os laços históricos com a indústria brasileira e reconhecer a qualidade da carne nacional, destacando uma parceria de mais de 50 anos. Entretanto, fontes ligadas ao tema afirmaram que o governo brasileiro não aceitará um pedido de desculpas que não seja claramente interpretado como um reconhecimento de erro.

    Crise intensificada pelo boicote

    A crise rapidamente escalou. Até o fim da tarde de segunda-feira (25), cerca de 40 empresas haviam aderido ao boicote contra o Carrefour. Parlamentares também declararam apoio público às campanhas, e consumidores mobilizaram as redes sociais contra os supermercados Carrefour, Atacadão e Sam’s Club.

    Além da pressão política e econômica, há preocupações de mercado: o Atacadão, controlado pelo grupo Carrefour, corre o risco de perder a liderança no segmento para o Assaí ainda neste trimestre. “O impacto comercial pode ser devastador se essa questão não for resolvida rapidamente”, apontou uma fonte ouvida pelo Valor Econômico.

    Expectativas para a retratação

    A expectativa é de que a carta assinada por Bompard seja revisada previamente pelo governo brasileiro para evitar interpretações dúbias. Caso o embaixador francês em Brasília, Emmanuel Lenain, não possa entregar o documento, o atual presidente do Carrefour no Brasil, Stéphane Maquaire, deverá comparecer ao encontro com o ministro Fávaro.

    Essa retratação marca um esforço do Carrefour para conter os danos causados por um posicionamento precipitado do CEO global sobre um tema sensível. Segundo analistas, o episódio reforça a necessidade de empresas internacionais medirem as consequências de seus discursos em mercados estratégicos como o Brasil. Apesar das especulações, o Carrefour não comentou oficialmente sobre o teor da carta nem sobre a crise diplomática que enfrentou nos últimos dias.

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