Empresa russa Rosatom vê grande oportunidade na cooperação nuclear com o Brasil
Parceria com o Ministério de Minas e Energia promete revolucionar o setor energético com reatores nucleares modulares
247 – No início deste mês de dezembro, o Ministério de Minas e Energia do Brasil firmou uma parceria estratégica com a estatal russa Rosatom, referência mundial em tecnologia nuclear. A colaboração resultou na criação de um grupo de trabalho que, até o final de 2025, deverá apresentar um plano detalhado para impulsionar a energia nuclear no Brasil. Entre os destaques, está a instalação de pequenos reatores nucleares modulares (SMRs), uma inovação que promete transformar o setor energético do país, como reporta a agência Sputnik.
Segundo Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, o Brasil busca desenvolver uma política nuclear robusta que inclua desde a mineração de urânio, hoje controlada pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), até a adoção de novas tecnologias nucleares. “Contamos com a experiência da Rosatom para uma cooperação positiva e equilibrada entre empresas brasileiras e russas. Que o nosso objetivo conjunto gere crescimento tecnológico robusto e seguro”, afirmou Silveira durante o evento de assinatura do acordo.
Com a sétima maior reserva de urânio do mundo, o Brasil ainda explora apenas 26% de seu subsolo, mas tem potencial para se tornar a terceira maior reserva global. A parceria com a Rosatom reforça a ambição do país de dominar o ciclo de enriquecimento de urânio e diversificar sua matriz energética, atualmente dependente de hidrelétricas e, em períodos de seca, de termelétricas movidas a combustíveis fósseis.
O potencial dos pequenos reatores nucleares
A Rosatom, pioneira na tecnologia de SMRs, destacou durante o evento que essa inovação pode agregar 1,1 gigawatt (GW) à matriz energética brasileira até 2035. Essa energia seria dividida entre 0,6 GW onshore, com 12 reatores, e 0,5 GW offshore, com dez reatores em plataformas flutuantes.
Para Inayá Lima, coordenadora do Programa de Engenharia Nuclear do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ), a entrada da Rosatom representa "uma grande oportunidade para o Brasil". Ela ressaltou que os SMRs oferecem flexibilidade, menor pegada de carbono e alta segurança. "Esses reatores podem ser produzidos em fábricas e instalados em locais menores e mais remotos, atendendo às necessidades específicas do país", explicou.
Lima também destacou a segurança dos SMRs, projetados com sistemas passivos que evitam acidentes graves sem necessidade de intervenção humana ou energia externa. Além disso, a tecnologia é ideal para regiões distantes e pode reduzir os custos de transmissão de energia.
Desafios e expectativas
Embora promissora, a implementação dos SMRs no Brasil enfrenta desafios, como a ausência de uma regulamentação específica e a necessidade de formar mão de obra especializada. A Rosatom se comprometeu a colaborar na capacitação técnica e transferência de conhecimento, consolidando o Brasil como um ator relevante no setor nuclear global.
A iniciativa marca uma mudança estratégica no histórico de cooperação do Brasil no setor nuclear, que, no passado, enfrentou contratempos com países ocidentais. Agora, a parceria com a Rússia reforça a busca por independência energética e inovação tecnológica sustentável.
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