Endividamento das famílias brasileiras cai em dezembro
A redução do endividamento é registrado no fim do ano, momento em que sazonalmente ocorre aumento do indicador
247 - Em dezembro de 2024, o endividamento das famílias brasileiras recuou para 76,7%, uma redução de 0,9 ponto percentual em relação a novembro, quando o índice estava em 77,6%. Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), que destacou a diminuição do endividamento no período de fim de ano, tradicionalmente caracterizado por um aumento do crédito devido às festas e compras de Natal. As informações são do jornal O Globo.
Segundo a CNC, a redução do endividamento pode indicar um cenário de maior restrição ao crédito, o que dificultaria o acesso das famílias a novas dívidas. O estudo também revela que, embora o nível de endividamento em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) se mantenha abaixo de patamares elevados, cerca de 30%, ele ainda é bem mais baixo do que o registrado nos Estados Unidos, onde as dívidas representam 72% do PIB.
Contudo, a boa notícia quanto à queda do endividamento é ofuscada por uma preocupação crescente: a inadimplência. O levantamento aponta que 29,3% das famílias estavam com dívidas em atraso no final de 2024, um aumento de 0,5 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2023, quando esse índice era de 28,8%. O cenário é ainda mais alarmante para as famílias com dificuldades em quitar suas dívidas, com um aumento significativo para 13%, o maior patamar registrado desde o início da série histórica.
José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, comenta sobre a realidade das famílias brasileiras: "A inadimplência é um reflexo do impacto desproporcional desses fatores sobre as famílias de baixa renda, que enfrentam juros elevados e renda limitada para absorver o aumento dos preços. É fundamental promover um ambiente econômico estável e políticas que ampliem a capacidade de consumo". A situação é especialmente grave para as famílias com menor poder aquisitivo. Segundo a pesquisa, 80,5% das famílias com renda de até três salários mínimos estavam endividadas em 2024. Este grupo é o mais dependente do crédito para manter seu padrão de consumo, e cerca de 20,6% deles direcionam mais de 50% da renda para o pagamento de dívidas, um número que praticamente se manteve em relação ao ano anterior.
Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, analisa a situação econômica: "Embora o endividamento tenha se tornado mais sustentável em termos de renda comprometida e prazo, a alta dos juros e o encarecimento do crédito dificultaram a gestão financeira das famílias. É necessário reforçar a educação financeira e implementar políticas de renegociação de dívidas bem estruturadas".
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: