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Equipe econômica do governo vê alta de juros como inevitável diante de 'comunicação excessiva' do BC

Ministério da Fazenda aponta que sinalizações do BC pressionam a própria autarquia a elevar Selic, mesmo com cenário inflacionário controlado

Sede do Banco Central em Brasília (Foto: Reuters/Adriano Machado)

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247 - Às vésperas de mais uma decisão do Banco Central (BC) sobre a taxa básica de juros, a equipe econômica do governo Lula (PT) já considera a alta da Selic como inevitável, ainda que modesta, segundo Renata Agostini, do jornal O Globo. A expectativa do Ministério da Fazenda é que o Comitê de Política Monetária (Copom) opte por um aumento de 0,25 ponto percentual, levando a taxa de 10,5% para 10,75% ao ano. 

O movimento de alta, se confirmado, interromperia a trajetória de queda iniciada em agosto de 2023, quando o BC reduziu a taxa de 13,75% para 13,25% ao ano. Fontes do Ministério da Fazenda, que acompanha de perto as decisões do Banco Central, veem o aumento como resultado de uma "comunicação excessiva" dos membros do Copom, que teria pressionado o mercado a ajustar suas expectativas de forma quase automática. Com todas as sinalizações dadas, a alta da Selic virou praticamente uma "profecia autorrealizável", dizem integrantes da equipe econômica.

O Banco Central, em sua última ata, já havia alertado que não hesitaria em elevar os juros caso fosse necessário para conter a inflação. Esse posicionamento foi reforçado semanas depois pelo diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que afirmou que a elevação da Selic "estava na mesa". Essa comunicação, segundo analistas do governo, teria condicionado o mercado a esperar a alta dos juros, mesmo em um cenário onde a inflação, apesar de pressões pontuais, ainda estaria dentro da meta estipulada para o ano.

Apesar da deflação registrada em agosto, fatores como o crescimento econômico mais forte do que o esperado e a estiagem, que impacta diretamente o custo de alimentos e energia, levaram os economistas a ajustar para cima a projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que agora está em 4,35%. No entanto, esse valor permanece dentro da margem de tolerância da meta, o que torna a necessidade de uma alta mais forte dos juros um ponto de debate dentro do próprio governo. 

Para o Ministério da Fazenda, o aumento da Selic não seria tanto uma resposta à inflação, mas sim uma tentativa de preservar a credibilidade das comunicações do Banco Central. 

Essa será a primeira reunião do Copom com Gabriel Galípolo indicado para suceder Roberto Campos Neto na presidência do BC.

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