Ex-diretores da Americanas podem pegar até 5 anos de prisão
Segundo o Ministério Público Federal, executivos teriam vendido ações antes da divulgação da fraude financeira bilionária da empresa, caracterizando uso de informação privilegiada
247 - Miguel Gutierrez, ex-diretor da rede varejista Lojas Americanas, e outros dez executivos podem pegar até cinco anos de prisão em decorrência do escândalo resultante de uma fraude contábil da ordem de R$ 25 bilhões na empresa. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Gutierrez e os outros executivos teriam vendido R$ 258 milhões em ações da companhia entre agosto de 2022 e janeiro de 2023, antes da divulgação da fraude financeira, por meio do uso de informação privilegiada, prática conhecida como “insider trading”. Gutierrez foi preso nesta sexta-feira (28) em Madri, na Espanha.
O crime de insider trading é definido como o uso de informações relevantes, ainda não divulgadas ao mercado, que possam proporcionar vantagens indevidas através de negociações de valores mobiliários. As penas para este crime incluem prisão de um a cinco anos e multas de até três vezes o valor do lucro obtido ilegalmente. A penalidade pode aumentar em um terço se a informação for confidencial.
Segundo o jornal O Globo, o MPF destacou que a prática do crime ficou evidente no caso Americanas, após a análise da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a venda maciça de ações da empresa. Os dados das operações, realizadas entre janeiro de 2022 e 11 de janeiro de 2023, mostraram uma movimentação atípica.
Em 11 de janeiro de 2023, a nova gestão da Americanas anunciou a descoberta de inconsistências contábeis, estimadas preliminarmente em R$ 20 bilhões. No dia seguinte, as ações da empresa despencaram quase 80% na Bolsa de Valores, evidenciando a tentativa dos executivos de se antecipar ao comunicado oficial e evitar perdas.
Nesta linha, Miguel Gutierrez vendeu R$ 158,5 milhões em ações desde que soube da sua substituição em julho de 2022 até janeiro de 2023. Anna Christina Ramos Saicalli, ex-diretora, recebeu R$ 57,8 milhões por suas ações no mesmo período. Ambos são apontados como principais responsáveis pelas fraudes que ocultaram um rombo de R$ 25,7 bilhões no balanço da empresa.
Anna Saicalli está em Portugal desde 15 de janeiro, e Gutierrez está na Espanha há um ano, ambos considerados foragidos pela Polícia Federal. Outros executivos, como Timótheo Barros e Fábio da Silva Abrate, também venderam grandes quantidades de ações após saberem da troca de comando.
Ainda conforme a reportagem, “no levantamento enviado pela CVM, consta ainda que Timótheo Barros, o ex-diretor operacional da B2W, braço digital do grupo Americanas, vendeu um total de R$ 20,2 milhões em ações de agosto de 2022 em diante. Até ser informado da troca de comando na empresa, ou seja, de janeiro a agosto de 2022, ele havia vendido apenas R$ 531 mil em ações”. João Guerra Duarte, ex-diretor-executivo de tecnologia de informação, vendeu R$ 3,8 milhões em ações no mesmo período e é acusado de coordenar a equipe responsável por esconder as fraudes.
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