Haddad defende fortalecimento institucional do país para superar desafios globais

247 - Em discurso durante a cerimônia que celebrou os 60 anos do Banco Central do Brasil (BC), nesta quarta-feira (2), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reforçou a necessidade de um ambiente institucional robusto e articulado como condição essencial para a continuidade do projeto nacional e a promoção da estabilidade econômica. 

Haddad classificou o momento atual da autoridade monetária como uma nova etapa institucional, após o que descreveu como uma “transição complexa e inédita”. Segundo ele, esse novo ciclo exige uma visão comprometida com o fortalecimento da democracia e a superação de divisões políticas que, quando nocivas, paralisam o debate público. “A má polarização é quando a tensão entre os polos impede uma agenda de Estado, quando você não consegue construir um projeto de país, que numa democracia vai passar por alternância de poder”, afirmou o ministro.

Compromisso com o futuro do país - Para Fernando Haddad, cabe aos responsáveis pela vida pública assegurar que mudanças de governo não comprometam elementos fundamentais de um projeto nacional de longo prazo. “Aquilo que é essencial da continuidade do Brasil enquanto nação, das perspectivas de emancipação do país em termos políticos, em termos econômicos, em termos sociais e, hoje, em termos ambientais”, afirmou, destacando que o Brasil precisa de estabilidade para alcançar seus objetivos.

Ao relembrar episódios marcantes da história do Banco Central, como a implementação do Plano Real, o ministro elogiou a capacidade da instituição de lidar com momentos tanto de celebração quanto de crise. “Tem vários bons momentos, vários momentos muito difíceis, mas a instituição soube viver os momentos difíceis também e superar as dificuldades”, disse.

Desafios globais e aperfeiçoamento institucional - Haddad também apontou os desafios externos que afetam a economia brasileira e sublinhou a importância de identificar convergências em meio à diversidade de opiniões. Para ele, a divergência deve alimentar o debate democrático e não impedir o avanço. “A clareza sobre os pontos de convergência é essencial para o avanço do país”, disse.

Nesse contexto, o ministro propôs o aperfeiçoamento de instituições como o Banco Central, a Superintendência de Seguros Privados (Susep), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Monetário Nacional (CMN). Ele afirmou que há boas propostas para modernizar essas estruturas, com base na observação de experiências internacionais e no conhecimento acumulado pelos servidores públicos. “São boas ideias, de gente que estuda esses assuntos, que observa a experiência internacional, que quer trazer para cá as melhores experiências, adaptando à nossa realidade”, afirmou.

Haddad também ressaltou o valor da troca de experiências entre atuais e antigos gestores do BC, destacando a importância da memória institucional para a construção de soluções eficazes para os desafios do país.

Respeito à autonomia do BC - Encerrando sua fala, o ministro reiterou o compromisso do governo federal com a autonomia do Banco Central, ao mesmo tempo em que enfatizou a disposição do Executivo em colaborar com dados e análises que contribuam para o aprimoramento da política econômica. Dirigindo-se ao presidente do BC, Gabriel Galípolo, Haddad afirmou: “eu tenho certeza de que você vai contar com um governo que vai respeitar a tua autonomia, mas também vai trazer para cá informações, dados, sugestões que vão engrandecer o trabalho da equipe econômica”.

A cerimônia, que marcou seis décadas da criação do Banco Central, contou com a presença de ex-presidentes da instituição, representantes do governo federal e autoridades do setor financeiro. Na ocasião, foi lançado um selo institucional comemorativo, em reconhecimento à trajetória do BC na construção da estabilidade econômica do país.