Ibovespa fecha em queda sem consenso sobre corte de juros pelo Banco Central dos EUA
Foi a primeira perda semanal desde o final de julho
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com uma queda de mais de 1% nesta sexta-feira, uma vez que dados sobre o mercado de trabalho norte-americanos e declarações de membros do Federal Reserve não ajudaram a decretar o tamanho de um corte de juros amplamente esperado nos Estados Unidos neste mês.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,41%, a 134.572,45 pontos, o que determinou a primeira perda semanal desde o final de julho, de 1,05%. Na máxima do dia, marcou 136.653 pontos. Na mínima, 134.476,18 pontos. O volume financeiro somou 16 bilhões de reais.
Nos EUA, o Departamento do Trabalho divulgou que foram abertas 142.000 vagas de emprego no mês passado, após 89.000 em julho em dado revisado para baixo, ante previsão de 160.000 postos. A taxa de desemprego caiu de 4,3% para 4,2% e os salários subiram 3,8%, após avanço de 3,6% em julho.
Após os números, as apostas no mercado para a decisão do Fed a ser anunciada no próximo dia 18 passaram a embutir uma chance maior (55%) para um corte de 0,50 ponto percentual em relação à possibilidade de uma redução de 0,25 ponto. Antes, era 43%. A taxa atual está na faixa de 5,25% a 5,50%.
As apostas de um corte menor, contudo, voltaram a ser maioria após declarações do diretor do Federal Reserve Christopher Waller.
Apesar de afirmar que "chegou a hora" de iniciar os cortes e que tem a mente aberta quanto ao tamanho e ao ritmo dessas reduções, bem como que "o atual conjunto de dados não exige mais paciência, mas sim ação", ele também afirmou que os números indicam abrandamento, não deterioração do mercado de trabalho.
No final da tarde, os futuros de juros mostravam uma chance de 71% de um corte de 0,25 pontos e 29% para 0,25 pontos, de acordo com a ferramenta Fedwatch da CME .
"É fato que os números divulgados hoje não parecem indicar, quando analisados isoladamente, um mercado de trabalho americano prestes a cair numa correção significativa", avaliou o economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares.
Ele acrescentou, contudo, que quando se analisa a dinâmica dos últimos meses desses indicadores e, principalmente, quando inclui na análise outras informações, conclui-se que o mercado de trabalho de fato está desacelerando e, com isso, aumentam as chances de um "acidente de percurso".
"Precisaremos esperar a reunião do Comitê de Política Monetária (FOMC) do dia 18 para sabermos qual o julgamento deles sobre essa situação", afirmou.
Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário dos EUA, fechou em baixa de 1,73%, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro norte-americano marcava 3,7249% no final da tarde, de 3,733% na véspera.
Cortes de juros nos EUA tendem a ser favoráveis para o fluxo de capital externo para a bolsa paulista, como se provou em agosto, quando aumentaram as apostas de redução da taxa pelo Fed, mas se vierem acompanhados de uma recessão na maior economia do mundo podem gerar aversão a risco e minar esse movimento.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN caiu 1,96%, acompanhando a piora dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent, usado como referência pela companhia, fechou em queda de 2,24%. No setor, BRAVA ENERGIA ON perdeu 5,57%, PETRORECONCAVO ON cedeu 4,17% e PRIO ON encerrou com declínio de 2,44%.
- VALE ON recuou 1,25% com os futuros do minério de ferro ampliando as perdas na China. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com queda de 1,9%, perdendo 11,24% na semana. Fontes afirmaram à Reuters que a Vale e a BHP, juntamente com sua joint venture Samarco, poderão fechar em breve um acordo com autoridades brasileiras para o pagamento de cerca de 100 bilhões de reais pelo rompimento da barragem em Mariana (MG).
- ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 1,41%, em dia negativo para o setor como um todo no Ibovespa, com BRADESCO PN caindo 1,94%, BANCO DO BRASIL ON cedendo 1,64% e SANTANDER BRASIL UNIT recuando 1,04%.
- BRASKEM PNA avançou 3%, mesmo após a Defensoria Pública de Alagoas abrir nova ação civil pública contra a petroquímica exigindo revisão de acordos de indenização por danos morais homologados pela Justiça, atribuindo à causa valor de 5 bilhões de reais. A companhia disse que ainda não foi intimada do processo.
- AZUL PN recuou 6,33%, revertendo o viés mais positivo da abertura, sem trégua nos receios sobre o endividamento da companhia aérea, enquanto a administração continua avaliando opções para lidar com opções.
- EMBRAER ON fechou em baixa de 3,94%, com o viés negativo generalizado abrindo espaço para realização de lucros no papel, que ainda acumula no ano uma valorização de 122%.
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(Por Paula Arend Laier)
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