JPMorgan e BlackRock veem risco de recessão e responsabilizam tarifas de Trump pela desaceleração
Presidentes das gigantes financeiras alertam para recessão, inflação persistente e impactos negativos de tarifas impostas pelo governo Trump
247 - As gigantes financeiras JPMorgan Chase e BlackRock divulgaram, neste semana, seus resultados do primeiro trimestre, superando as expectativas do mercado. Porém, os sinais de alerta emitidos por seus principais executivos ofuscaram o desempenho positivo.
As declarações revelam um sentimento de crescente preocupação com os rumos da economia norte-americana, especialmente diante de incertezas geopolíticas, inflação persistente e políticas comerciais adotadas pela administração do presidente Donald Trump. As informações foram publicadas originalmente pela Investopedia.
No caso do JPMorgan Chase, o lucro por ação (EPS) foi de US$ 5,07, acima dos US$ 4,64 projetados pelos analistas e dos US$ 4,44 registrados no mesmo período do ano anterior. A receita também superou as previsões, atingindo US$ 45,31 bilhões, impulsionada por um rendimento líquido com juros de US$ 23,4 bilhões. Mesmo assim, o CEO Jamie Dimon adotou um tom cauteloso em relação ao cenário macroeconômico.
"A economia está enfrentando uma considerável turbulência (incluindo fatores geopolíticos), com os possíveis aspectos positivos da reforma tributária e da desregulamentação e os possíveis aspectos negativos das tarifas e 'guerras comerciais', da inflação persistente, dos elevados déficits fiscais e dos ainda altos preços dos ativos e da volatilidade", afirmou Dimon. Em carta anual aos acionistas, o executivo reforçou a crítica às medidas tarifárias do governo Trump, prevendo que elas "vão desacelerar o crescimento".
A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, também apresentou números acima do esperado. O lucro ajustado por ação foi de US$ 11,30, enquanto os analistas previam US$ 10,13. A receita totalizou US$ 5,28 bilhões. Um dos destaques do trimestre foi o recorde de US$ 11,58 trilhões em ativos sob gestão, representando um crescimento de 11% em relação ao ano anterior.
Apesar do resultado robusto, o CEO da BlackRock, Larry Fink, destacou o clima de apreensão que permeia as conversas com investidores. "Incerteza e ansiedade sobre o futuro dos mercados e da economia estão dominando as conversas com os clientes", declarou. Segundo ele, momentos como este, marcados por grandes mudanças estruturais, já ocorreram antes — como durante a crise financeira de 2008, a pandemia de COVID-19 e a disparada da inflação em 2022. Fink afirmou ainda que "a maioria dos CEOs com quem conversei acredita que os EUA estão 'provavelmente em recessão neste momento'".
Os comentários de ambos os executivos, líderes em instituições que operam no centro do sistema financeiro global, refletem um ceticismo cada vez mais comum no setor privado em relação ao desempenho da economia americana no curto e médio prazo. A retomada da retórica protecionista com a imposição de tarifas, somada a déficits fiscais elevados e à inflação resistente, são vistos como fatores que ameaçam a estabilidade dos mercados e a confiança dos investidores.
Apesar da leve valorização das ações das duas companhias após os anúncios — 3,5% no caso do JPMorgan e menos de 1% no da BlackRock —, os papéis continuam acumulando quedas no ano, o que reforça o clima de incerteza no mercado financeiro.
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