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    Lula sinaliza não ter pressa para indicar sucessor do BC, mas manda recado para Campos Neto

    "Espero que o Roberto Campos leve em conta que o Brasil não corre nenhum risco... Existem pouquíssimos países mais seguros do que o Brasil", afirmou o presidente

    Roberto Campos Neto e Lula (Foto: Isac Nóbrega/PR | Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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    BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que ainda terá que decidir se vai antecipar a indicação do sucessor de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central ou se fará o anúncio mais próximo do fim do seu mandato em 31 dezembro.

    "Eu tenho que indicar mais diretores e tenho que indicar o presidente do Banco Central até o final do ano. Só tenho que decidir se vou antecipar ou se deixo para indicar o mais próximo possível do vencimento do mandato", disse Lula em café da manhã com jornalistas, em Brasília.

    O presidente afirmou, no entanto, que não terá problemas em "conviver" com Campos Neto pelo restante do mandato do chefe do BC, apontando para o fato de já estarem convivendo juntos há um ano e quatro meses, desde que Lula retornou à Presidência.

    O estabelecimento da autonomia operacional do BC em 2021, que determinou um mandato fixo de quatro anos para o presidente da autarquia, criou um cenário inédito no terceiro mandato de Lula, impedindo o mandatário de poder indicar imediatamente um nome de sua escolha para comandar a autoridade monetária.

    Campos Neto foi indicado pelo antecessor de Lula, o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu adversário nas eleições de 2022 e ainda seu principal rival no atual cenário político do país.

    Desde o início de seu mandato, Lula tem frequentemente destacado suas divergências com Campos Neto. Ele critica principalmente a política monetária restritiva do BC, afirmando que o patamar da taxa básica de juros continua muito elevado.

    Nesta segunda-feira, Lula voltou a questionar a atuação de Campos Neto e a defender a redução dos juros, ressaltando que poucos países atualmente têm a segurança que o Brasil tem e pedindo "responsabilidade" ao chefe do BC.

    "Espero que o Roberto Campos leve em conta que o Brasil não corre nenhum risco... Existem pouquíssimos países mais seguros do que o Brasil", afirmou o presidente.

    De acordo com Lula, quem ganha com os juros altos é apenas o mercado e quem perde é "o povo brasileiro". Ele disse ser movido pelo interesses da população, e não dos participantes do mercado financeiro.

    "Esse país não pode ficar todo dia tomando susto de que o mercado não gostou disso ou não gostou daquilo."

    No primeiro ano do mandato de Lula, o BC manteve a taxa básica de juros inalterada em 13,75% até sua reunião de agosto, quando realizou um primeiro corte de 0,5 ponto percentual. Atualmente, a Selic está no patamar de 10,75%.

    Um dos nomes cotados para a sucessão na presidência do BC é o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo. O ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda defendeu no início deste mês que dirigentes da instituição não deveriam se envolver no processo de escolha, que é uma atribuição do presidente da República.

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