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'O Brasil está pronto para se tornar uma potência', diz Lula na Anfavea

"Não há hipótese de o governo não fazer o que for necessário para o país voltar a crescer", disse Lula na Anfavea. O presidente fez elogio contundente ao ministro Alexandre Padilha

Lula na Anfavea (Foto: Ricardo Stuckert)

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Agência Gov – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil está pronto para se tornar uma potência econômica. Lula participou nesta sexta (12/4) de cerimônia de inauguração da nova sede da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em São Paulo.

“O Brasil tem uma oportunidade no século 21 que não teve no século 20. O país está pronto para se tornar uma potência. E não há hipótese de o governo não estar disposto a fazer o que for necessário para o país voltar a crescer, gerar mais empregos e mais renda. Este país pode virar uma grande potência econômica”, disse Lula, durante seu discurso.

Para o presidente, a necessidade de o planeta fazer a transição energética para uma matriz menos poluente é essa oportunidade. “Nós temos que tirar proveito disso”, completou. Lula afirmou estar cansado de o Brasil ser visto como um país em vias de desenvolvimento.

“Nós precisamos aprender a ser grandes. Isso é gerar sonho na cabeça do nosso povo. A gente não quer um país de gente que só ganhe salário mínimo, que viva do Bolsa Família, em que as pessoas tenham medo de se tornar inúteis com esta revolução digital. A gente quer um país em que as pessoas possam se transformar em cidadãos de classe média, do ponto de vista da formação, do ganho salarial”.

O presidente esteve acompanhado (na foto de abertura, da esquerda para a direita) dos ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Ricardo Lewandowski (Justiça), Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Fernando Haddad (Fazenda). E do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges.

No início da cerimônia, o presidente da Anfavea, Marcio Lima, havia afirmado que um discurso proferido por Lula em 2004, na antiga sede da associação, serviu de inspiração para o setor: “Aquela foi mais que uma fala, para nós foi um plano de ação, perseguido desde então pela nossa indústria”, disse Lima.

Naquele discurso, lembrou o dirigente da Anfavea, Lula destacou a importância da indústria automotiva e conclamou o setor à ousadia. “Saímos de uma produção média de 1,6 milhão de carros naquele período e chegamos a 3,4 milhões. E nós vamos voltar àquele patamar, tenha certeza”, completou Lima.

No palco da Anfavaea, um telão, postado atrás dos ministros que acompanharam Lula, exibia a frase “O Maior Ciclo de Investimentos da Indústria Automotiva”. O texto faz referência ao anúncio de investimentos de R$ 125 bilhões até 2033, feito pelas montadoras de veículos. “A razão de existirmos são os investimentos”, afirmou o presidente da Anfavea

“Eu duvido que houvesse alguém nesta sala, na USP, na Unicamp ou no Vaticano, dois anos atrás, que imaginava que a indústria automobilística fosse anunciar essa decisão de investir”, disse Lula. “Aconteceu alguma coisa: a indústria passou a ter confiança no Brasil, a ter segurança jurídica, estabilidade econômica e social. Isso é tudo o que interessa para quem quer investir e para quem quer trabalhar.”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aproveitou para pedir apoio do setor automotivo para que a proposta de reforma tributária seja aprovada sem novas mudanças no Congresso. “É importante que a indústria esteja alerta para que a reforma não seja desvirtuada. A partir da semana que vem, o momento é de falar com os presidentes Arthur Lira e Rodrigo Pacheco para que a reforma tributária tenha celeridade”, afirmou Haddad.

Segundo o ministro, o presidente deve encaminhar uma mensagem ao Congresso, na próxima semana, pela votação da proposta de reforma tributária. Em sua fala, Lula reforçou o pedido, dirigindo-se à plateia e ao presidente da Anfavea: “Cada um de vocês aqui conhece alguns deputados. Não deixem o Haddad sozinho”.

Defesa de Padilha

Outro recado político que marcou a noite foi a defesa do ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais. “O Padilha está num cargo que parece o mais fácil, nos primeiros seis meses. Depois surgem as divergências”, comentou. E garantiu: “Só de teimosia, vai ficar muito tempo no cargo. Não tem ninguém mais preparado que ele para lidar com a adversidade no Congresso Nacional”.

O vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, destacou que os investimentos anunciados pelo setor automotivo são reflexo de projetos do atual governo como o Nova Indústria Brasil e o Mobilidade Verde e Inovação (Mover). Alckmin afirmou que o conjunto dos projetos propõe o desenvolvimento da indústria local a partir do conceito da descarbonização. “Podemos ser um exemplo para o mundo.”

Durante a cerimônia, o presidente da Anfavea já havia destacado o diálogo permanente com os sindicatos dos trabalhadores do setor como um elemento de construção de planos de investimentos. “Quantas rodadas de negociação para discutir acordos com os trabalhadores, e isso nos ensinou muito, aprendemos a nos respeitar.”

Moisés Selerges, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, lembrou de projetos negociados entre as empresas e os sindicatos em outros momentos, como o Proálcool, na década de 1970, e câmara setorial que, na década de 1990, deu origem aos chamados carros populares. “Aquela acordo resultou em estancar uma crise e a reestruturação das fábricas foi feita de forma negociada”, disse Selerges.

Segundo o sindicalista, o desafio atual vai exigir mais do que as propostas já apresentadas. “Falei ao Alckmin que o projeto Mover é muito bom, mas deve ser mais ousado, ir além das metas estabelecidas de investimentos em pesquisa, mas considerar também metas de produção, de vendas internas e de exportação”, afirmou o líder metalúrgico. “O Brasil deve estipular a meta de saltar de oitavo para sexto maior produtor de veículos automotores do mundo”, completou.

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