Presidente Lula apela ao Congresso para que o pacote fiscal não seja "desidratado", diz Haddad
Ministro da Fazenda se reuniu com o presidente nesta segunda-feira para discutir o pacote fiscal e o avanço da reforma tributária
247 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta segunda-feira (16) que o presidente Lula (PT) fez um apelo ao Congresso Nacional para que o pacote fiscal não seja "desidratado" durante as negociações legislativas. O encontro entre os dois ocorreu na residência de Lula, em Pinheiros, São Paulo, e acontece em meio a uma semana decisiva para as pautas econômicas do governo.
“Falamos sobre vários assuntos. Expus para ele a situação da reforma tributária, o estado da arte, o que está para ser decidido pela Câmara, agora em caráter definitivo. Também tratamos das questões das medidas fiscais. Apresentei para ele os relatores, como é que a gente está tentando encaminhar a necessidade de votação nesta semana”, declarou Haddad a jornalistas após a reunião.
O ministro informou que detalhou ao presidente o avanço das medidas fiscais, incluindo projetos de reformas microeconômicas que precisam ser votados nos próximos dias. “Dei o quadro para ele desses três blocos de medidas, coloquei-o a par da situação de cada uma delas, tanto no Senado quanto na Câmara, para que ele pudesse eventualmente julgar a conveniência de tomar alguma providência, dar algum telefonema tranquilizador para acelerar as coisas”, explicou Haddad.
Apelo pela preservação das medidas fiscais - Haddad enfatizou que o presidente Lula pediu atenção especial para evitar a desidratação das propostas. “Temos um conjunto de medidas que garante a robustez do arcabouço fiscal. Estou muito convencido de que vamos continuar cumprindo as metas fiscais nos próximos anos". Segundo ele, se não fossem os impactos da manutenção do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e da desoneração da folha de pagamentos, o governo já teria alcançado um superávit primário em 2024. “Se não fosse o contratempo que tivemos com o Perse e com a desoneração da folha, nós teríamos, neste primeiro ano de orçamento do governo Lula, superávit primário. Nós só não vamos ter superávit primário este ano em função dos R$ 45 bilhões de renúncia fiscal”, pontuou.
Responsabilidade fiscal - Lula afirmou, em entrevista ao "Fantástico", da Rede Globo, que ninguém tem mais responsabilidade fiscal do que ele. O presidente disse que o governo fez "aquilo que é possível" ao mandar o pacote fiscal para o Congresso Nacional.
"Vou repetir: ninguém nesse país, do mercado, tem mais responsabilidade fiscal do que eu", disse Lula na entrevista. "Entreguei esse país, sabe, numa situação muito privilegiada. É isso que eu quero fazer outra vez. E não é o mercado que tem ficar preocupado com os gastos do governo. É o governo. Porque, se eu não controlar os gastos, se eu gastar mais do que eu tenho, quem vai pagar é o povo pobre".
Discussão sobre a reforma tributária - Outro tema central foi a reforma tributária, que já passou pelo Senado e agora será analisada novamente pela Câmara. Haddad destacou pontos específicos debatidos com Lula, como a tributação de armas e bebidas açucaradas. “Discutimos com ele alguns detalhes que preocupavam mais. Expus para ele todos os detalhes do que foi alterado, para que pudesse orientar os líderes da base".
Lula se recupera bem após cirurgias - O presidente Lula, que recebeu alta hospitalar no domingo (15) após seis dias internado em São Paulo, surpreendeu Haddad pela disposição demonstrada durante a reunião. “As atividades do presidente esta semana estão condicionadas à avaliação médica, mas confesso a vocês que me surpreendi com a disposição dele. Está muito tranquilo, despacha absolutamente normal, está corado, está bem".
Desde a última terça-feira (10), Lula foi submetido a procedimentos médicos para tratar de complicações causadas por uma pancada na cabeça sofrida em outubro no Palácio da Alvorada. As intervenções incluíram uma trepanação, embolização das artérias meníngeas e a remoção de um dreno.
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