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    Pressão por cortes de gastos aumenta após vitória de Trump e alta do dólar

    Governo Lula prepara pacote de ajuste fiscal em meio à preocupação da manutenção do salário mínimo e investimentos em educação

    Lula (Foto: Ricardo Stuckert | Reuters/Jose Luis Gonzalez)

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    247 - A vitória de Donald Trump nas eleições nos Estados Unidos e a recente alta do preço do dólar, que chegou a superar a marca de R$ 6, sendo comercializado a R$ 5,781 no final da manhã desta quarta-feira (6), aumentaram a pressão sobre o governo brasileiro para anunciar um corte de gastos. Segundo a revista Exame, técnicos da equipe econômica e da ala política, que acompanham as discussões, afirmam que o governo está ciente da necessidade de que seja dada uma resposta a esse cenário.

    Entretanto, as medidas para controlar as despesas públicas só serão apresentadas ao público quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estiver totalmente convencido de sua necessidade. Ainda conforme a reportagem, a manutenção da política de reajuste real do salário mínimo e dos gastos com educação são considerados temas delicados, e ele não pretende alterar esses pontos na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que será enviada ao Congresso. Ao blindar a política de reajuste do mínimo e as despesas com educação, Lula busca evitar eventuais impactos negativos em sua popularidade.

    Entre as medidas apresentadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, destaca-se a desindexação do reajuste do piso salarial em relação ao valor das aposentadorias e outros benefícios previdenciários, trabalhistas e assistenciais. Haddad já destacou a importância de discutir essa questão, sugerindo a leitura de um artigo do economista Bráulio Borges, que aborda as dificuldades do ajuste fiscal e propõe a desindexação do salário mínimo dos benefícios previdenciários.

    Além disso, tanto Haddad quanto Tebet defendem mudanças nas regras que estabelecem os mínimos constitucionais de saúde e educação, vinculados às receitas do governo. Porém, Lula tem se mostrado contrário a cortes nessas áreas, considerando-as investimentos essenciais, e não despesas a serem reduzidas.

    Haddad e Tebet argumentam que um corte significativo e bem comunicado ainda em 2024, com aprovação no primeiro semestre de 2025, teria um impacto econômico positivo em 2026, ano de eleições. No entanto, Lula resiste à ideia de alterar as regras para a concessão de benefícios previdenciários, temendo as repercussões eleitorais de tais mudanças, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde sua base eleitoral é mais forte.

    Técnicos da equipe econômica destacam que a desconfiança do mercado em relação ao governo atual é exagerada. Contudo, a necessidade de uma resposta eficaz da equipe econômica é tida como necessária, considerando a elevação dos preços dos ativos, a inflação desancorada e as altas taxas de juros. A implementação de um pacote robusto de medidas, seguido de sua aprovação pelo Congresso em 2025, poderia contribuir para a queda do dólar, a redução das expectativas inflacionárias e a diminuição das taxas de juros.

    Apesar do crescimento econômico projetado em 3% e a geração de novos empregos, a popularidade de Lula tem enfrentado desafios, conforme revelam pesquisas internas. A ala política manifesta preocupação com o timing do envio das propostas ao Congresso, pois a situação econômica pode ter repercussões diretas na percepção popular sobre a gestão do presidente.

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