Suécia compra aviões C-390 e Embraer avança no mercado da Otan

247 - O governo da Suécia oficializou nesta terça-feira (1) a compra de quatro aeronaves C-390 Millennium da Embraer, consolidando-se como o nono país a adquirir o modelo da fabricante brasileira."Estamos orgulhosos de dar mais este passo", disse o secretário-geral do Ministério da Defesa sueco, Peter Sandwall, durante a feira LAAD (Latin America Aerospace and Defence), no Rio de Janeiro, de acordo com a Folha de S. Paulo. 

A aquisição será feita em um consórcio formado com Holanda e Áustria, esta última, apesar de não integrar formalmente a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mantém estreita colaboração com a aliança. A Suécia, por sua vez, tornou-se membro oficial da Otan em 2024, encerrando mais de dois séculos de neutralidade em resposta à guerra entre Rússia e Ucrânia.

Com a nova encomenda, o C-390 Millennium, também conhecido por sua designação militar KC-390 (versão com capacidade de reabastecimento em voo), atinge a marca de seis países da Otan que optaram pelo modelo da Embraer, desafiando o domínio histórico do veterano norte-americano C-130 Hércules. Já adquiriram a aeronave: Portugal (5 unidades), Hungria (2), Eslováquia (3), República Tcheca (2), Holanda (5) e agora Suécia (4).

Fora do bloco, também compraram o aviã:o Áustria (4), Coreia do Sul (3) e um cliente não identificado — que o mercado suspeita ser o Uzbequistão (2). Com foco crescente, a Embraer mira novos mercados com potencial de grande escala, como Índia e Arábia Saudita, que juntos podem demandar mais de 100 unidades. Há ainda negociações em andamento com países com frotas menores, como Chile e Marrocos.

Diante da expansão, a empresa brasileira já discute a instalação de uma nova linha de montagem no exterior. As negociações envolvem parceiros estratégicos como Índia e Arábia Saudita. Na Europa, a Embraer já controla uma fabricante em Portugal e mantém parceria com uma empresa polonesa para ampliar a produção de componentes do KC-390 no continente.

O desempenho operacional da aeronave também tem contribuído para sua crescente aceitação internacional. Segundo dados da Embraer, os países que já operam o avião registram 93% de disponibilidade de frota e 99% de sucesso nas missões realizadas. “Essas aeronaves também ampliarão as sinergias europeias existentes em interoperabilidade, treinamento e suporte ao ciclo de vida”, destacou Bosco da Costa Júnior, presidente da Embraer Defesa & Segurança.

Ainda de acordo com a reportagem, embora a venda à Suécia seja uma conquista para a Embraer, as tratativas do lado brasileiro enfrentam entraves. Desde 2023, Brasil e Suécia negociam uma operação conjunta em que os europeus substituiriam seus Hércules pelos C-390, e a Força Aérea Brasileira compraria mais 14 caças Gripen, elevando sua frota de 36 para 50 unidades.

No entanto, ainda há divergências sobre como proceder com a ampliação sem um novo contrato formal. Embora a legislação permita um aditivo, os detalhes técnicos e o impacto fiscal — estimado em até R$ 4 bilhões no longo prazo — dificultam o avanço, sobretudo diante do cenário orçamentário instável do país.