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“A esquerda vive uma crise prolongada porque deixou sua agenda ser sequestrada por outras forças”, diz Alcides Vaz

Professor da UnB aborda crise da esquerda e panorama político na França e no mundo

(Foto: Divulgação | Reuters )

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247 – Em entrevista ao programa Boa Noite 247, Alcides Vaz, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), analisou a atual situação política da França e a crise enfrentada pela esquerda em termos de credibilidade.

Sobre o cenário político francês, Vaz destacou dois aspectos importantes. "Me parece que há dois aspectos importantes dentro do atual panorama político da França, um que é igualmente observado em outros países, essa dificuldade em formar maiorias absolutas ou obrigar a construção de coalizões e ao mesmo tempo essas coalizões ensejam oportunidades ao longo do tempo para uma gradual evolução ou recomposição das forças de extrema-direita."

Ele ressaltou que, embora o resultado das eleições tenha sido desfavorável à extrema-direita, a falta de uma maioria absoluta pode abrir brechas para essas forças. "Muito bom que o resultado tenha sido desfavorável à extrema-direita, ficarem em terceiro lugar, mas o jogo de coalizões, a falta da maioria, também oferecem brechas de oportunidade, no caso da França, um retrocesso, por exemplo, se nós considerarmos como aconteceu, nas próprias eleições britânicas, como também em Portugal, uma força tradicional de direita vence, há um crescimento gradual da extrema-direita."

O professor apontou que, apesar do descenso da extrema-direita na França, é necessário cautela na análise. "No caso da França, é um pouco distinto, porque houve um descenso, está sendo comemorado, mas acho que também é preciso uma certa cautela em perceber como irá se compor essa maioria e de que forma também serão retiradas as condições de um retorno de uma tendência de crescimento da extrema-direita na França, que é um caso muito emblemático, era um caso muito preocupante, acho que há sim razões importantes para comemorar, mas é preciso também um pouco de cautela, para acompanhar também evolução neste momento incerto do panorama político francês, de como é que a extrema-direita irá também se recompor e se recolocar no jogo no debate político."

Vaz também abordou a crise enfrentada pela esquerda em diversos contextos. "A esquerda vive uma crise prolongada ante a credibilidade do seu ideário que foi colocada em questão por erros dos próprios governos, com dificuldades, com o fracasso, por ter uma parte substantiva da sua agenda sequestrada por forças de outras posições do espectro político ideológico."

Ele destacou a dificuldade da esquerda em se reencontrar tanto na Europa quanto na América Latina. "A esquerda me parece que ainda não se reencontrou, nem na Europa, nem mesmo aqui no nosso continente, como nós temos visto, essa dificuldade em estabelecer programas claramente definidos em torno de propostas que consigam galvanizar o apoio das populações em torno de um ideário de centro-esquerda, é desse espectro que nós estamos falando, não da esquerda revolucionária." Assista:

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