"A IA tem o poder de distribuir riqueza e oportunidade, mas para isso, ela precisa ser construída de maneira aberta", diz hacker
Uirá Porã discute o impacto da DeepSeek e a revolução do código aberto na inteligência artificial
247 - A entrevista com o hacker Uirá Porã, ativista do Movimento @FeliciLabno, programa Boa Noite 247, trouxe uma discussão sobre os recentes desenvolvimentos da inteligência artificial, focando especialmente no impacto da DeepSeek, uma nova IA que vem ganhando destaque no mercado global. Uirá, com vasta experiência no campo da tecnologia e do movimento hacker, compartilhou suas perspectivas sobre a transformação digital e a importância do código aberto, considerando-o como um fator chave para o futuro da inteligência artificial.
No contexto da DeepSeek, Uirá explicou que a atual revolução da inteligência artificial passa por uma mudança de paradigma importante. "Imagina que a inteligência artificial é uma receita de bolo. Eles conseguiram fazer o bolo de chocolate, mas com o chocolate mais caro do mundo, com o forno mais caro do mundo", comentou, referindo-se ao processo inicial de desenvolvimento de IA, que exigia enormes recursos. Ele destacou, porém, que essa tecnologia, antes considerada inacessível, está agora se tornando mais viável para outros desenvolvedores. "Mas com uma farinha normal, com chocolate normal e no forno normal", explicou, enfatizando a possibilidade de fazer IA de maneira mais acessível, com menos custos.
A principal crítica de Uirá à dinâmica atual das big techs e da OpenAI, por exemplo, é o modelo fechado e secreto que essas empresas mantêm em relação aos seus produtos. "A receita é uma receita aberta", afirmou, defendendo que a inovação tecnológica só pode prosperar quando os códigos e modelos são acessíveis a todos. Ele lembrou que o nome OpenAI, apesar de carregar "open" em sua marca, foi criado por grandes investidores e tecnólogos que, na prática, mantêm um sistema fechado, diferentemente do que propaga a filosofia do código aberto.
Uirá fez uma analogia entre o desenvolvimento de modelos de inteligência artificial e as bolhas econômicas que surgem ao redor de tecnologias caras. Segundo ele, quando uma empresa como a OpenAI testa e desenvolve novos modelos, ela acaba criando uma bolha de inovações caras e inacessíveis, o que acaba gerando uma falsa percepção de que essas tecnologias só podem ser reproduzidas com altos investimentos em infraestrutura. "O DeepSeek, por ser de código aberto, abre a possibilidade de que ele não só é barato, mas também reproduzível", disse Uirá, apontando como o acesso ao código aberto pode quebrar essa bolha e permitir que mais países, como o Brasil, invistam em inteligência artificial de forma mais equitativa.
Ao falar sobre o Brasil, Uirá foi enfático em apontar a falta de infraestrutura adequada para competir com os gigantes da tecnologia. "O Brasil deveria estar desesperadamente procurando placas da NVIDIA para instalar sua infraestrutura e começar a treinar seus modelos", sugeriu, enfatizando a urgência de o país investir em um ecossistema local de inteligência artificial. Ele também mencionou a China, que há anos investe pesadamente em tecnologia e inovação, e observou que a liderança do país asiático não é por acaso. "A China investe nesse mercado há muito tempo, e essa figura do CEO não é à toa", afirmou Uirá, sugerindo que a política do país é um modelo a ser seguido por outras nações, incluindo o Brasil.
Uirá concluiu a entrevista com uma crítica sobre o uso de IA pelas grandes corporações, alertando que as grandes empresas estão mais focadas em gerar lucro do que em promover uma verdadeira transformação social. Para ele, a inteligência artificial tem o poder de redistribuir riquezas e oportunidades, mas apenas se for construída de maneira aberta e acessível. "A IA tem o poder de distribuir riqueza e oportunidade, mas para isso, ela precisa ser construída de maneira aberta, acessível e colaborativa", finalizou, deixando claro seu compromisso com o software livre e o avanço da soberania digital.
A entrevista trouxe à tona questões urgentes sobre o futuro da inteligência artificial e o papel fundamental do código aberto na democratização da tecnologia. Uirá Porã, com sua visão crítica e inovadora, se posiciona como uma das vozes mais importantes na luta pela soberania digital e pelo uso ético da inteligência artificial, especialmente em um cenário global dominado por grandes corporações tecnológicas. Assista:
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