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“A luta pela terra não é um problema só dos sem terra, ela interfere em vários aspectos da sociedade”, diz dirigente do MST

Débora Nunes ressalta necessidade de envolver sociedade no debate sobre a reforma agrária e critica a narrativa midiática sobre o agronegócio. Assista

Débora Nunes (Foto: MST/Gustavo Marinho)

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247 - A coordenadora nacional do MST Débora Nunes, em entrevista ao programa Giro das Onze, da TV 247, destacou a importância de ampliar o debate sobre a luta pela terra para além das fronteiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 

“A sociedade é central para entrar nesse debate. Não podemos achar que a luta pela terra é um problema apenas dos sem terra. Porque a sociedade urbana, sobretudo, vive as consequências da não realização da reforma agrária. Quando as pessoas vão para a cidade e vivem amontoadas, sem trabalho, sem alimentação, a falta de mobilidade urbana, o aumento das cidades são tudo fruto do êxodo rural, de pessoas que estão na cidade mesmo sem querer estar, pois precisou sair do campo porque não tinha onde trabalhar, tirar o seu sustento e alimento”, afirmou Nunes.

A dirigente também criticou a narrativa predominantemente na grande mídia de que o agronegócio sustenta a economia brasileira. “Os dados apontam que a agricultura familiar, com todas as suas limitações, é quem coloca cerca de 70% de muitos dos itens da cesta básica na mesa do trabalhador. Ela produz alimentos. No campo da geração de emprego, é uma agricultura familiar que consegue gerar trabalho no campo. Portanto, o agronegócio, que é financiado em boa parte pelo Estado, oferece muito em contrapartida ao que recebe de incentivos e benefícios. A sociedade precisa estar nesse debate e entender para que as pessoas possam, conjuntamente, construir uma sociedade mais igualitária e não conceber que tenhamos brasileiros e brasileiras que passam fome em um país que é um grande produtor e agroexportador”, concluiu.

Com o lema “Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular”, o MST realizou nesta semana, entre os dias 23 e 27 de julho, um conjunto de ações na Jornada Nacional por Alimentação Saudável e Reforma Agrária. A iniciativa acontece no marco do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural e do Dia Internacional da Agricultura Familiar, ambos comemorados na próxima quarta-feira (25).

A Jornada, que ocorre em 24 estados onde o MST está organizado, reafirma a Reforma Agrária como uma política fundamental para combater a fome, mas que necessita de investimento público. As ações denunciam o orçamento abaixo do necessário para agricultura familiar e camponesa, enquanto o agronegócio recebe grandes volumes de investimentos. Assista: 


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