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    "A nova retórica de Trump propõe esvaziamento da população de Gaza", diz especialista

    Secretário de Relações Internacionais da FEPAL, Robson Cardoch Valdez analisa impactos das recentes declarações de Trump e Netanyahu sobre Gaza

    (Foto: Reuters | Divulgação )
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    247 - Em entrevista ao programa Boa Noite, da TV 247, Robson Cardoch Valdez, secretário de Relações Internacionais da Federação Palestina (FEPAL) e pesquisador, discutiu as implicações das recentes declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no contexto do conflito israelense-palestino.

    Valdez observou que, historicamente, a ideia de um cessar-fogo era vista de forma negativa pela sociedade israelense, devido ao objetivo não alcançado de eliminar o Hamas. Ele afirmou: "A ideia de extermínio total do Hamas, esse objetivo inexequível de conseguir exterminar o grupo, não foi alcançado." Essa situação, segundo ele, enfraqueceu o governo de Netanyahu, que havia prometido tal resultado.

    Com a possibilidade de um cessar-fogo, algumas demandas de Netanyahu e de seus apoiadores poderiam ser atendidas, como o retorno de reféns israelenses. No entanto, Valdez destacou uma mudança na retórica de Trump, que agora sugere "exterminar a população da Palestina, de Gaza, tirar toda a população e dar outro objetivo à região". Essa nova abordagem, que substitui a ideia de destruição completa do Hamas pelo esvaziamento populacional, acaba favorecendo Netanyahu, pois "Trump reforça esse apoio incondicional a Israel e tem feito declarações extremas".

    Valdez também comentou sobre o impacto dessa retórica nas tentativas de formação de um governo de união nacional na Palestina, mencionando que "o resultado disso é muito ruim para a formação de um governo de união nacional, que estava sendo tentado e chegou a ser planejado em parte na reunião que ocorreu em Pequim, envolvendo todas as forças políticas da Palestina". Ele acrescentou que a nova posição de Trump, apoiada por Israel, "muda o foco para outro destino possível para Gaza".

    Em relação à comunidade internacional, Valdez observou que "a situação de Gaza e seu futuro saem muito enfraquecidos, porque, do outro lado, Netanyahu se fortalece e reorganiza suas forças políticas". Ele mencionou que, mesmo que Trump não consiga se estabelecer em Gaza como uma potência ocupante, "ele já prometeu que iria controlar a região. Isso fortalece sobremaneira os objetivos políticos de Israel".

    Valdez concluiu destacando a preocupação com a influência das declarações de Trump em líderes autocráticos ao redor do mundo, afirmando que "essa postura do Trump acaba repercutindo de alguma forma, impulsionando esses autocratas, esses governantes com um viés mais autocrático e uma lógica bem fascista de instrumentalizar o medo". Assista:

     

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