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    “A turma que foi derrotada por Chávez tenta retornar ao poder na Venezuela”, diz Leonel Brizola Neto

    “Cabe lembrar que a Corina participou do golpe em 2002, que prendeu o Hugo Chávez", o ex-vereador, se referindo a líder da oposição na Venezuela

    Leonel Brizola Neto e Maduro com Lula (Foto: CMRJ | Ricardo Stuckert/PR)

    247 - Em entrevista ao programa Brasil Agora, da TV 247, Leonel Brizola Neto, ex-vereador do Rio de Janeiro, comentou o processo eleitoral na Venezuela.

    Para ele, "a turma que foi derrotada por Chávez tenta retornar ao poder na Venezuela". Ele destacou a persistência de forças que, há décadas, têm lutado para reaver o controle do país.

    Brizola Neto ressalta a importância de se entender a história política da Venezuela para compreender o atual cenário. Ele enfatiza o "fio da história", um conceito que seu avô, Leonel Brizola, costumava usar para iluminar as tramas e os contextos que moldam as realidades políticas. “Meu avô gostava muito dessa palavra, o fio da história, que era a nossa verdadeira história, para que a gente possa compreender quem são os personagens, o que fazem, o que fizeram e como atuaram dentro desse processo histórico da Venezuela”, explica ele.

    Um dos pontos centrais na análise de Brizola Neto é a figura de Corina Machado, frequentemente apresentada como uma das principais opositoras no cenário político atual. “Cabe lembrar que a Corina participou do golpe em 2002, que prendeu o Hugo Chávez. Então, é bom a gente recordar”, adverte. 

    Ele menciona o documentário "A Revolução Não Será Televisionada", que documenta de maneira crítica os eventos em torno do golpe de 2002 contra Chávez, oferecendo uma visão detalhada de como certas figuras e grupos tentaram minar o governo bolivariano desde o início.

    Brizola Neto também destaca o panorama político que precedeu a ascensão de Hugo Chávez, dominado por um "pacto fixo" que manteve o mesmo grupo político no poder por cerca de quarenta anos. 

    “A prática política era uma austeridade fiscal, ou seja, retirada de direitos, entrega do patrimônio da Venezuela para o estrangeiro”, diz ele, descrevendo um período caracterizado pela submissão a interesses externos e pela implementação de políticas neoliberais que geraram descontentamento popular. O governo que antecedeu Chávez foi marcado por décadas de estagnação e insatisfação social, com políticas que serviram a um pequeno grupo em detrimento das necessidades da maioria.

    A insatisfação popular culminou na tentativa de insurgência liderada por Chávez e setores do Exército, que falhou, mas lançou Chávez ao centro do palco político. Após cumprir uma breve sentença de prisão, Chávez optou por abandonar a carreira militar e ingressar na política, rapidamente se tornando uma figura proeminente com apoio popular crescente.

    A eleição de Chávez marcou o início de uma nova era para a Venezuela, com uma plataforma que prometia romper com as velhas políticas neoliberais e focar na inclusão social e econômica.

    “Quando ele ganha, a primeira atitude do Chávez é convocar uma nova Assembleia Constituinte. Para quê? Para desarmar os pilares dessas políticas neoliberais”, destaca Brizola Neto. Este movimento visou desmantelar as estruturas que sustentavam a antiga ordem, substituindo-a por um novo modelo que priorizava o bem-estar do povo venezuelano.

    Uma das reformas mais significativas sob o governo Chávez foi a reestruturação da lei dos hidrocarbonetos, colocando o Estado no centro do desenvolvimento econômico e garantindo que os recursos naturais da Venezuela beneficiassem sua população. 

    “Ele inverte o mecanismo, ele bota o Estado como a mola propulsora do desenvolvimento, gerando distribuição de renda, acabando com a pobreza, construindo um Estado social, previdenciário e laboral”, explica, destacando que a redistribuição de riqueza e poder desafiou interesses internacionais significativos, dada a vasta riqueza petrolífera da Venezuela, criando tensões com corporações e governos estrangeiros.

    Entretanto, o caminho de Chávez não foi sem oposição. Brizola Neto aponta o papel crítico que a mídia privada e as elites empresariais desempenharam em esforços para desestabilizar o governo chavista. “A Venezuela tinha esse problema de pequenos setores, ou seja, a mídia concentrada só em um grupo político, um grupo privado”, observa ele. Este monopólio midiático contribuiu para a promoção de uma narrativa antichavista que exacerbava divisões sociais e políticas, criando uma plataforma para a oposição interna.

    Brizola Neto faz uma analogia com o Brasil, comparando as táticas de desestabilização usadas contra Chávez com aquelas empregadas contra governos progressistas no Brasil, incluindo os de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva. “É importante a gente saber quem são as figuras”, diz ele, destacando a importância de se reconhecer os atores envolvidos em movimentos desestabilizadores que têm ecos em toda a América Latina.

    O Contexto Atual e as Perspectivas Futuras

    Enquanto a Venezuela se prepara para mais uma eleição crucial, Brizola Neto enfatiza a necessidade de respeitar a soberania do país e a vontade de seu povo, mesmo diante dos desafios enfrentados pelo governo de Nicolás Maduro. “Claro que o Maduro tem seus equívocos e tem seus erros, mas ainda assim dentro do processo democrático. Há que se respeitar essa vontade popular a se respeitar a soberania dos povos e do país”, afirma.

    Ele critica os esforços para isolar as eleições venezuelanas de seu contexto histórico mais amplo, advertindo contra análises que ignoram as complexidades da trajetória política do país. “É inadmissível queremos colocar agora, pegarmos um extrato, pinçarmos esta eleição e não contextualizarmos a história da Venezuela”, alerta. 

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