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      "Bolsonaro não é carta fora do baralho; ele é líder de um movimento e não pode ser subestimado", diz Valter Pomar

      Historiador e dirigente do PT, Valter Pomar, analisa impacto da denúncia contra Bolsonaro e alerta para riscos políticos

      (Foto: Brasil247 | REUTERS/Adriano Machado)
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      247 - O historiador e dirigente do PT, Valter Pomar, afirmou durante participação no programa Bom Dia 247 que considerar Jair Bolsonaro "carta fora do baralho" é um equívoco. Para ele, a extrema-direita permanece como uma força política relevante e não pode ser subestimada.

      "Eu não acho que o Bolsonaro é carta fora do baralho, eu acho isso um equívoco de avaliação. Veja que o presidente Lula foi submetido a julgamento ilegal, foi condenado, foi preso e regressou. Veja que o Trump patrocinou um golpe de Estado nos Estados Unidos, foi julgado, condenado parcialmente por outro motivo e foi eleito presidente. Essa ideia de que a disputa judicial afasta uma força política e social do processo é equivocada", declarou Pomar.

      O petista destacou que Bolsonaro não deve ser visto apenas como um indivíduo, mas como o líder de um movimento político-social de extrema-direita. Ele alertou que o julgamento do ex-presidente pode, inclusive, fortalecer outros nomes do campo conservador. "A depender de como evolua a disputa política e a situação econômica, o julgamento pode ter efeitos opostos aos pretendidos. O resultado pode ser a projeção de uma unidade da direita com nomes mais palatáveis, como Tarcísio de Freitas."

      Pomar criticou ainda o Supremo Tribunal Federal (STF) e os setores que hoje condenam Bolsonaro, argumentando que essas mesmas forças não têm qualquer compromisso com o PT ou com a manutenção do governo Lula. "A prova de que isso pode vir a acontecer é essa bizarrice de dizer: 'agora que tiramos o Bolsonaro, vamos tirar também o Lula'. Isso comprova que o motivo pelo qual setores do STF reconheceram a aberração jurídica que foi a condenação do Lula é que eles precisavam de alguém para derrotar o Bolsonaro, mas não têm a menor vontade de que o PT continue na presidência da República."

      O historiador também ressaltou a importância da denúncia feita pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, contra Bolsonaro e os envolvidos no plano de golpe de Estado. No entanto, criticou o fato de o PGR ter tratado o Exército como vítima da tentativa golpista. "É muito relevante que nessa denúncia se incluam muitos militares de alto posto. É lamentável, por outro lado, que o PGR tenha dito por escrito que o Exército foi vítima desse processo. O que é uma contradição, inclusive, com a lista dos denunciados."

      Pomar ainda alertou para a pressão política por uma anistia a Bolsonaro e seus aliados no Congresso Nacional. "Existe mais da metade do Congresso Nacional que apoia politicamente a ideia da anistia, exatamente no espírito da chamada 'pacificação'. Eles atribuem a polarização àqueles que defendem a classe trabalhadora e o bem-estar social. A ideia seria tirar os extremos para 'pacificar' o país."

      Sobre a disputa presidencial de 2026, o petista destacou que setores da direita já buscam construir uma alternativa a Bolsonaro, e um dos nomes mais perigosos para a esquerda é Tarcísio de Freitas. "Tarcísio é um potencial candidato da direita e da extrema-direita nas eleições de 2026. Ele é um dos mais perigosos adversários que a gente tem pela frente. Kassab, que é uma figura decisiva no governo dele, também tem um papel importante no Congresso e no governo Lula. Estão costurando uma alternativa para derrotar o PT e colocar alguém da direita gourmet para comandar o país."

      A respeito da primeira-dama Michelle Bolsonaro como possível candidata, Pomar acredita que ela representa a continuidade da estratégia da extrema-direita de 2018, mas não é o nome ideal para unificar a direita. "Michelle é perigosa, mas não é a candidata ideal para a confluência entre a direita gourmet e a extrema-direita fascista. O mais preocupante para nós é um personagem com o estilo do Tarcísio, que permitiria essa aliança."

      O dirigente petista também criticou a postura do governo Lula diante do atual cenário político. "O governo tem que recuperar o apoio dos setores populares que vêm se decepcionando. O PT precisa recuperar o apoio organizado que já teve junto às classes trabalhadoras. Se isso não acontecer, o resultado desse julgamento não está garantido."

      Pomar defendeu mudanças na política econômica e medidas para combater a inflação. "Com a atual política econômica, chegaremos em má condição em 2025. O governo tem que acelerar as medidas em favor do bem-estar social do povo. Temos que mudar a política econômica, fortalecer a disputa com os Estados Unidos e tomar medidas para controlar os preços dos combustíveis, da energia e dos alimentos."

      Ao final, o historiador enfatizou que a luta contra Bolsonaro e a extrema-direita não se limita ao campo jurídico, mas exige mobilização política e social. "Se não tiver pressão política, judicialmente não está nada garantido. A justiça age sob pressão política. O governo precisa estar mais presente na disputa política nacional. Eu quero mais e não menos Lula na disputa política." Assista: 

       

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