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    Como Rubens Paiva morreu: a reportagem de Marcelo Auler

    Jornalista detalha bastidores e contradições no caso do desaparecimento do ex-deputado

    (Foto: Divulgação )
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    247 - Em entrevista ao programa Bom Dia 247, o jornalista Marcelo Auler explicou os principais pontos de sua reportagem sobre o desaparecimento e morte de Rubens Paiva, ex-deputado cassado durante a ditadura militar brasileira. Auler descreveu o trabalho investigativo que resultou em uma matéria detalhando elementos não explorados pelo filme, que retrata o caso a partir da perspectiva familiar.

    "Minha intenção foi contar o que o filme não mostrou, trazendo informações que explicam como a morte de Rubens Paiva foi encoberta por uma série de farsas orquestradas pelos agentes da repressão", disse Auler.

    Ele destacou que o filme, baseado no drama da viúva Eunice Paiva e seus filhos, deu visibilidade ao caso, mas optou por não se aprofundar no relato policial e criminal. “O filme atingiu seu objetivo ao retratar o drama familiar, mas é importante complementar essa história. A sociedade precisa saber os detalhes sobre como o ex-deputado foi torturado e morto, e como o Exército tentou esconder isso.”

    A trama por trás da morte

    Auler mencionou documentos e depoimentos que ajudaram a reconstruir as últimas 60 horas de vida de Rubens Paiva, preso em 20 de janeiro de 1971. Segundo o jornalista, as torturas começaram na Aeronáutica e se intensificaram no DOI-CODI, no quartel da Polícia do Exército, na Tijuca. “O médico Amilcar Lobo, que prestava assistência às torturas, relatou que Paiva estava com uma hemorragia abdominal grave, mas não foi levado a um hospital e morreu durante o interrogatório.”

    Para justificar o desaparecimento, os militares criaram uma versão de sequestro. "O coronel Raymundo Ronaldo Campos, que registrou o falso sequestro, confessou à Comissão da Verdade em 2013 que nunca viu Rubens Paiva e que o relatório foi inventado para acobertar a morte durante tortura. Ele admitiu: ‘Morreu, morreu, morreu no interrogatório’”, revelou Auler.

    Destino do corpo e silêncio dos responsáveis

    Marcelo Auler apontou que os restos mortais de Rubens Paiva foram enterrados e desenterrados mais de uma vez, antes de serem descartados em um rio no interior do Rio de Janeiro. “O coronel Paulo Malhães confessou ter ajudado a ocultar o corpo em 2014, mas reforçou que Paiva sempre será um desaparecido político, já que não há restos mortais para sua família enterrar.”

    Auler também criticou a impunidade. "Dos militares responsáveis, poucos estavam vivos para responder pelas acusações e muitos se beneficiaram da Lei da Anistia. Mas, como ressaltou o ministro Flávio Dino, o desaparecimento do corpo é um crime continuado, o que deve manter o caso em debate jurídico.”

    Importância da memória e do debate

    Marcelo Auler afirmou que o resgate da história de Rubens Paiva é fundamental para a preservação da memória e para evitar que crimes semelhantes sejam repetidos. “Graças ao filme e ao interesse renovado, o caso Rubens Paiva saiu do esquecimento e voltou ao debate público. É um capítulo essencial para entender o que foi a ditadura militar no Brasil e suas consequências.”

    A reportagem completa de Marcelo Auler está disponível no blog do jornalista e no site Brasil 247. Assista:

     

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