"Depois do golpe contra Dilma, a política virou vale-tudo no Brasil", diz Fernando Horta
Historiador afirma que a cadeirada de Datena em Marçal representa o ápice da degradação
247 – Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o historiador Fernando Horta fez uma análise contundente sobre o atual cenário político brasileiro. Para Horta, o incidente entre José Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB), no debate dos candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado no último domingo (15) pela TV Cultura, é um reflexo da deterioração que começou com o golpe de estado contra a ex-presidente Dilma Rousseff em 2016.
"Depois do golpe de 2016, a política virou guerra no Brasil", afirmou Horta, referindo-se ao processo que destituiu Dilma da presidência e que, para ele, marcou o início de uma nova era de desordem política no país. "Vale golpe de estado, vale ameaçar ministro do STF, vale tudo", acrescentou. Segundo o historiador, a violência simbólica e física se tornaram parte integrante do jogo político brasileiro, levando a uma situação de "vale-tudo".
A cadeirada como símbolo da degradação política
No debate em questão, Datena, conhecido apresentador de televisão, atingiu Marçal com uma cadeira após uma troca acalorada de palavras. O Ministério Público Eleitoral informou que investigará o caso, enquanto o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sergio de Oliveira e Costa, emitiu nota manifestando sua "veemente reprovação" ao incidente, classificando-o como um desperdício de uma oportunidade crucial de debater ideias importantes para os mais de 9 milhões de eleitores paulistanos.
Para Fernando Horta, o episódio simboliza o que ele chama de "política do vale-tudo" que tomou conta do país. "Nessa política do vale-tudo, Datena e Marçal fizeram uma dobradinha", disse o historiador. "A cadeirada foi uma dança entre os dois. Quem dá a cadeirada é Datena, mas quem pediu foi o Marçal", afirmou Horta, sugerindo que a provocação constante de Marçal durante o debate criou o ambiente propício para o confronto.
Violência física e simbólica
Embora a violência física tenha ganhado destaque, Horta ressalta que a degradação política no Brasil vai muito além de atos concretos de agressão. "Violência não é apenas a violência física. Antes dela, existe a violência simbólica, que Marçal exerce todo dia", destacou o historiador, citando os ataques verbais e simbólicos de Marçal contra seus adversários políticos ao longo da campanha.
"Ele agrediu todos os adversários", acusou Horta. "Agrediu Tabata, agrediu Boulos, agrediu Datena e agrediu Ricardo Nunes". Na visão do historiador, a constante retórica agressiva de Marçal alimenta um ambiente de hostilidade, culminando em episódios como o que foi testemunhado no debate.
Por fim, Horta espera que o incidente não se torne um instrumento de ganho político para nenhum dos dois envolvidos. "Datena reagiu, e espero que nem ele nem Marçal se beneficiem da violência", concluiu, criticando o uso da violência — seja física ou simbólica — como estratégia de campanha eleitoral.
Ministério Público investiga o caso
O Ministério Público Eleitoral já anunciou que tomará as “medidas cabíveis” para garantir a lisura do processo eleitoral e reprimirá comportamentos que possam ameaçar a democracia, conforme destacou o procurador-geral Paulo Sergio de Oliveira e Costa. Após a agressão, Marçal registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal e injúria real, e um inquérito foi aberto para investigar o caso. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, imagens do debate estão sendo analisadas e um exame de corpo de delito foi requisitado para o candidato do PRTB. A expectativa é que o episódio não desvirtue ainda mais o processo eleitoral em São Paulo, especialmente em um momento tão crucial para o futuro da maior cidade do país. Assista:
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