"É preciso redemocratizar as forças armadas e a polícia", afirma advogado Fernando Fernandes
Especialista em Direito Penal expõe os desafios da segurança pública e o papel do Estado frente ao crime organizado no Brasil
247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o advogado Fernando Fernandes defendeu a urgência da redemocratização das forças armadas e da polícia no Brasil como medida essencial para combater a corrupção e o crime organizado. "É preciso redemocratizar essas forças que têm poder bélico", afirmou Fernandes, acrescentando que o processo não é rápido nem fácil, mas que deve ser enfrentado.
Para o especialista, o problema da segurança pública no Brasil vai além das estruturas de segurança estadual. Segundo ele, a entrada do crime organizado nas instituições públicas - especialmente na polícia - exige uma reforma profunda no modelo de segurança, com investigações federais mais ativas. "Antigamente, tínhamos o clássico grupo de extermínio, mas agora ele é uma estrutura de Estado de assassinos", criticou, mencionando que essa realidade reforça a necessidade de uma "federalização da segurança pública".
Fernandes enfatizou a gravidade da penetração do crime organizado em instituições policiais e fez um alerta sobre as consequências disso para a sociedade: “Por que temos duzentos mil assassinatos por ano e apenas oito por cento são solucionados? É evidente que a polícia está envolvida com os assassinatos, ela investiga a si mesma e oculta os crimes”, pontuou o advogado. Ele observou que, além de atuar de forma corrupta, o sistema policial nacional também exerce influência política para beneficiar interesses específicos, principalmente na extrema-direita.
Em sua análise, Fernandes também destacou a importância de federalizar as investigações de crimes violentos e criticou o atual sistema de investigação, que, segundo ele, falha ao deixar delegacias estaduais conduzirem inquéritos complexos sem a supervisão de órgãos federais. Para ele, essa mudança de abordagem seria essencial para reduzir a violência e a impunidade: “Se tivermos um Banco Nacional de DNA e um Registro de Projéteis de Arma de Fogo funcionando, quantos crimes poderíamos resolver?”, questionou, sugerindo que esses recursos poderiam aumentar significativamente a taxa de resolução de homicídios.
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