"É seguro para o Brasil?" , pergunta Charlie Angus sobre a expansão da Paper Excellence e seus riscos ambientais e econômicos

247 - Em entrevista à TV 247, o deputado canadense Charlie Angus, do New Democratic Party, fez sérias acusações contra a empresa de papel e celulose Paper Excellence, destacando suas conexões com a gigante Asia Pulp and Paper (APP). Segundo ele, a expansão agressiva da empresa no Canadá e suas tentativas de adquirir grandes ativos no Brasil são motivo de grave preocupação para autoridades ambientais e reguladores de mercado.

Angus explicou que a Paper Excellence entrou no mercado canadense em 2007, inicialmente sem levantar suspeitas. Contudo, a aquisição de grandes ativos locais e a forte concentração de florestas públicas em suas mãos despertaram sinais de alerta. "Quando eles começaram a adquirir muitas das principais empresas canadenses de papel e celulose, os alertas começaram a soar", afirmou.

Conexões com a Asia Pulp and Paper

Apesar de a Paper Excellence alegar operar de forma independente, documentos revelaram que seu proprietário, Jackson Wijaya, assumiu o controle exclusivo da Asia Pulp and Paper. Para Angus, essa conexão deveria ter barrado a entrada da empresa no Canadá: "De jeito nenhum uma empresa como a APP teria passado nos testes regulatórios canadenses devido às graves alegações de práticas ambientais ilegais na Indonésia."

A aprovação pelo governo canadense foi descrita como "ingênua". Angus criticou duramente a administração do primeiro-ministro Justin Trudeau por ignorar provas de que decisões empresariais eram tomadas em Xangai, com claros conflitos de interesse. Segundo ele, "o governo optou por acreditar na palavra da empresa, ignorando documentos que ligavam a Paper Excellence à Asia Pulp and Paper".

Denúncias de violações ambientais

Angus também mencionou uma grave disputa judicial na província de Nova Escócia envolvendo a planta industrial da Northern Pulp, de propriedade da Paper Excellence. "A operação foi fechada por graves violações ambientais", afirmou, ressaltando que a empresa enfrenta litígios devido à contaminação de terras e água.

Ele destacou que a falta de transparência e a recusa de Wijaya em depor perante o Parlamento canadense são fatores preocupantes. "Se ele controla uma parte tão grande das nossas florestas, por que se recusa a testemunhar?", questionou Angus. "Se fossem uma empresa honesta e transparente, teriam dito a verdade desde o início."

Expansão para o Brasil: um alerta para reguladores

A Paper Excellence também tenta expandir suas operações no Brasil, buscando adquirir a Eldorado Papel e Celulose, uma das maiores produtoras do país. Se a negociação for concluída, a empresa controlará mais de 400 mil hectares de terras brasileiras — uma área maior do que as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro juntas.

Para o deputado canadense, os reguladores brasileiros devem agir com extrema cautela. "É crucial que eles examinem cuidadosamente a estrutura corporativa da empresa e investiguem quem realmente a controla", advertiu. "É seguro para o futuro do Brasil permitir que uma única família tenha tanto controle sobre suas florestas e sua produção florestal?"

Investigações e próximos passos

Diante das preocupações levantadas, o Parlamento canadense solicitou novamente que Jackson Wijaya compareça para prestar depoimento. Caso ele se recuse novamente, Angus afirma que insistirá na emissão de uma intimação formal.

"Precisamos de respostas agora", declarou Angus, afirmando que continuará lutando para proteger o meio ambiente e as comunidades afetadas pela atuação da empresa. "Se a Paper Excellence não tem nada a esconder, por que tanto silêncio?" concluiu.

A expansão da Paper Excellence levanta questões fundamentais sobre regulação, transparência e sustentabilidade em uma indústria globalizada e cada vez mais concentrada nas mãos de poucos grupos econômicos. Assista: