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    "Enquanto o Ocidente quer guerra, os BRICS querem a resolução pacífica dos conflitos", diz o analista político Marco Fernandes

    Analista destaca impacto da ausência de Lula e o papel estratégico dos BRICS na busca pela paz e desenvolvimento econômico global

    (Foto: REUTERS | Divulgação )

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    247 - Durante uma entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, o analista geopolítico Marco Fernandes destacou a diferença marcante entre as abordagens ocidentais e o posicionamento dos BRICS em relação aos conflitos globais. Falando diretamente de Kazan, onde a 16ª cúpula do BRICS foi realizada, Fernandes afirmou que "enquanto o Ocidente quer guerra, os BRICS querem a resolução pacífica dos conflitos". Ele ressaltou que o bloco está cada vez mais voltado para soluções diplomáticas e o desenvolvimento econômico sustentável, em oposição às táticas militaristas que prevalecem em outras partes do mundo.

    Fernandes também apontou que a ausência física do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cúpula foi um fator que impactou o evento. "A ausência do presidente Lula foi um banho de água fria. Ele fez muita falta", lamentou o analista. Embora Lula tenha participado de maneira online, Fernandes destacou que a presença física do líder brasileiro seria fundamental para fortalecer as negociações e a visibilidade do Brasil no cenário internacional. "Ele esteve online, mas não é a mesma coisa", comentou, explicando que a interação direta entre os líderes poderia ter facilitado discussões mais profundas.

    Relevância da Rússia no BRICS e no mundo

    Ao analisar o papel da Rússia, Marco Fernandes enfatizou que, apesar das sanções e da pressão ocidental, o país não está isolado. "A Rússia está tudo, menos isolada", disse, reforçando que a cúpula de Kazan reafirmou a relevância da Rússia no cenário global. Segundo ele, o evento demonstrou o fortalecimento das alianças do país com os demais membros do BRICS e a busca por soluções conjuntas para os desafios globais.

    A cúpula também abordou temas como a desdolarização, que, de acordo com Fernandes, deve ganhar mais força a partir deste encontro. "Espera-se que a desdolarização também avance a partir da cúpula de Kazan", declarou, apontando para a crescente busca dos países do BRICS em reduzir sua dependência do dólar nas transações internacionais e promover o uso de suas moedas nacionais.

    Encontro histórico entre Xi e Modi

    Fernandes destacou como um dos momentos mais importantes da cúpula a reunião entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. "Houve uma reunião histórica entre Xi e Modi, que pode solucionar a questão das fronteiras", revelou o analista, sugerindo que esse encontro pode ser um marco na melhoria das relações entre China e Índia, países de grande peso econômico e político no BRICS.

    BRICS como potência agrícola e o papel do Novo Banco de Desenvolvimento

    Outro tema abordado por Fernandes foi o papel dos BRICS como uma grande potência global na produção de alimentos. "Os BRICS são uma grande potência na produção de alimentos. A bolsa de grãos é muito importante", afirmou, destacando a relevância do bloco no mercado agrícola internacional.

    Em relação ao Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), presidido por Dilma Rousseff, Fernandes elogiou sua atuação, mas ressaltou a necessidade de ampliação dos recursos do banco para fortalecer ainda mais sua capacidade de financiamento. "Dilma tem muito prestígio com a China, com a Rússia e, evidentemente, com o presidente Lula. Tudo indica que ela será mantida à frente do Novo Banco de Desenvolvimento", afirmou, apontando que a ex-presidente brasileira deve continuar desempenhando um papel-chave no NBD.

    Expansão dos BRICS e desafios na América Latina

    A cúpula de Kazan também trouxe à tona discussões sobre a expansão dos BRICS. Fernandes mencionou que o bloco está criando a categoria de membros-parceiros, permitindo que países como a Turquia se aproximem, mas sem ainda ter o status de membros-plenos. "A Turquia é um dos países que quer entrar como membro-pleno. É um membro da OTAN", comentou Fernandes, observando o interesse crescente de outros países em fazer parte do grupo.

    No contexto latino-americano, o analista fez duras críticas à diplomacia brasileira e à cobertura da mídia sobre a Venezuela. "É lamentável o comportamento da imprensa brasileira, que só trata de Venezuela. Sabotar a Venezuela é uma escorregada grande da diplomacia brasileira", disse Fernandes, referindo-se à importância estratégica do país na região e no BRICS. Ele alertou que o enfraquecimento das relações com países como Argentina e Venezuela pode prejudicar a integração sul-americana. "Se perdemos a Argentina e estamos entregando a Venezuela, como fica a integração sul-americana?", questionou.

    Fernandes encerrou a entrevista fazendo uma crítica direta ao papel dos Estados Unidos na geopolítica latino-americana e sua interferência em governos da região. "Há muita pressão dos Estados Unidos. Eles não ficarão inertes com o avanço do BRICS. Biden tem as mãos sujas do impeachment da presidente Dilma Rousseff", declarou, sugerindo que o governo norte-americano tem adotado uma postura de interferência nos assuntos internos de países que buscam fortalecer suas relações com o BRICS.

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