"Estamos velando o corpo político do Bolsonaro", diz TromPetista ao explicar o sentido simbólico da marcha fúnebre
TromPetista Fabiano Leitão narra ao 247 a ação que desestabilizou Bolsonaro diante do Senado e resgata sua história de luta contra o autoritarismo
247 - No dia em que o ex-presidente Jair Bolsonaro se tornou réu por tentativa de golpe de Estado, uma ação solitária diante do Congresso Nacional provocou uma reação inesperada: ao som da marcha fúnebre executada em um trompete, Bolsonaro interrompeu sua fala à imprensa, visivelmente afetado. O autor da performance foi o trompetista e militante Fabiano Leitão, que relatou ao programa Boa Noite 247 os bastidores da intervenção, suas motivações e a carga simbólica do gesto.
“Esse momento é uma virada na história do país. A Justiça está se reconciliando com a história”, afirmou Fabiano, ao comentar o fato de Bolsonaro ter se tornado réu. “Ver esse grupo político militar, que sempre sabotou o Brasil e entregou nossas riquezas aos Estados Unidos, na cadeira dos réus, é algo muito forte”.
A escolha pela marcha fúnebre tinha intenção clara. “Quando a gente vai enterrar alguém, há o funeral, depois o enterro. Começou esse processo. Estamos velando o corpo político, não só do Bolsonaro, mas desse grupo fascista, assassino, vendilhão da nossa pátria”, declarou. A ação, segundo ele, foi pensada de forma estratégica, rápida e solitária, para evitar colocar outras pessoas em risco e manter o foco: “Se eu estivesse acompanhado, me preocuparia com o outro e perderia a concentração”.
Fabiano relatou também ter sido abordado por policiais legislativos após a performance, embora estivesse em uma via pública. “Fiquei triste. Me abordaram de forma intimidadora, mas eu conheço meus direitos. Tratei todos com cordialidade, chamei de ‘queridos’. Eu estava exercendo um direito de cidadão”, disse. Segundo ele, “não havia justificativa para uma abordagem da polícia legislativa fora do espaço do Congresso”.
A motivação por trás do ato vai além do contexto político imediato. Fabiano carrega na memória familiar o trauma da ditadura militar. Seu tio, Francisco Celso Leitão, foi assassinado no Piauí durante o regime. “Minha mãe, dona Graça, sempre me ensinou a fazer alguma coisa com a condição que você tem. Eu nem conheci meu tio. Ele tombou por esse Brasil. Então, eu estava ali não como o trompetista, o filho da dona Graça. Eu era apenas o militante cumprindo a tarefa de dar uma cutucada no Bolsonaro”.
A reação do ex-presidente diante da performance foi interpretada por Fabiano como sinal de desequilíbrio emocional. “Ele parou de falar. Isso significa que ele sentiu. Está desestabilizado. Uma pessoa experiente, um agente político, não se desestabiliza tão facilmente”, argumentou. E completou: “Eu já invadi 24 links da Globo e nenhum repórter jamais parou de falar. Por que ele parou? Porque não conseguiu raciocinar”.
Para o trompetista, a fala de Bolsonaro logo após a interrupção também é reveladora: “Quando ele falou ‘cuidado’, ele mostrou que queria me ameaçar. Só que ali eu estava ao vivo, com toda a imprensa presente. Ele reagiu com uma ameaça”.
Ao final da entrevista, Fabiano reafirmou seu compromisso com a luta política e a memória dos que resistiram. “É por ele, meu tio, e por tantos outros. A gente vai seguir na luta, sem esmorecer. Temos muito para consertar neste país”. Ele também foi lembrado por sua candidatura anterior a deputado distrital, recebendo o apoio público de que sua atuação política seguirá crescendo.
A ação de Fabiano diante do Senado, marcada por um trompete e uma marcha fúnebre, se transformou em símbolo do confronto entre a arte engajada e a memória autoritária. O silêncio momentâneo de Bolsonaro, interrompido por um único instrumento, traduziu mais do que uma reação pessoal: tornou-se o reflexo de uma história que insiste em não ser esquecida. Assista:
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