“Há hoje no seio do PT uma corrente liberal forte”, diz Breno Altman

247 - Durante entrevista ao programa Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman analisou a atual conjuntura política do PT e as pressões enfrentadas pelo partido dentro e fora do governo. Ele destacou a existência de uma corrente liberal ativa na estrutura partidária e no governo, além de abordar decisões econômicas recentes e seus possíveis impactos sociais e políticos.

“Há uma pressão sobre o PT para que ele gire ao centro, tanto externa, vinda da direita, dos meios de comunicação, do empresariado e de partidos de centro-direita e direita, quanto interna. Há hoje no seio do PT e do governo uma corrente social liberal forte que quer o deslocamento do PT ao centro”, afirmou Altman.

Ele também mencionou a ausência de diálogo interno em torno do pacote fiscal proposto pelo governo. “Em nenhum momento o ministro Fernando Haddad ou algum representante chegou na Executiva do PT para dizer: ‘Estamos pensando nessas propostas, qual é a opinião do partido?’ Isso não aconteceu. O pacote foi anunciado sem participação do PT”, criticou.

Altman ressaltou a contradição entre a defesa pública feita pela presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, contra o giro ao centro e as possíveis decisões parlamentares do partido. “Se o PT vota a favor de medidas que reduzem direitos da classe trabalhadora, como o salário mínimo, o abono salarial e o BPC, não é uma contradição com a declaração? O PT será testado na vida real.”

Sobre a situação econômica e sua percepção pela sociedade, ele destacou: “Nós não temos no país uma onda de euforia social como houve no segundo governo do presidente Lula ou no primeiro governo da presidenta Dilma. O povo não está feliz com a vida que tem.”

Altman também rebateu críticas à comunicação do governo: “Atribuir que o problema do governo é a comunicação é uma injustiça com o ministro Paulo Pimenta. Os problemas estruturais da sociedade brasileira são muito graves e não estão sendo enfrentados na velocidade e profundidade que o povo espera.”

Para o jornalista, uma comunicação mais transparente poderia gerar maior identificação popular: “Uma comunicação que explicasse por que o governo é obrigado a andar devagar, quais são as dificuldades no Parlamento, ajudaria a educar o povo. Mas o governo opta por uma comunicação celebrativa.”

Altman concluiu afirmando que o cenário político segue indefinido e ainda pode reservar surpresas, tanto positivas quanto negativas. Assista: