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    “Jango foi pioneiro na construção da amizade Brasil-China”, diz João Vicente Goulart

    Filho do ex-presidente destaca legado histórico e comenta reação militar à aproximação sino-brasileira

    Lula, Xi Jinping, João Vicente Goulart e João Goulart (Foto: Ricardo Stuckert / Divulgação)

    247 – Em entrevista aos jornalistas Leonardo Attuch e Joaquim de Carvalho, da TV 247, João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, relembrou a viagem de seu pai à China em 1961, destacando-a como um marco na construção da amizade entre Brasil e China. “Jango foi o pioneiro dessa relação. Até hoje, os chineses reconhecem esse papel histórico. Eles dizem que, ao beber um copo d’água, sempre lembram de quem ajudou a cavar o poço”, afirmou João Vicente.

    A visita de Jango, feita a convite oficial de Mao Tsé-Tung, ocorreu enquanto ele ainda era vice-presidente, e, segundo João Vicente, enfrentou resistência de setores conservadores no Brasil. “Na volta da viagem, meu pai recebeu a notícia da renúncia de Jânio Quadros enquanto estava em Cingapura. A partir daí, os militares começaram a manifestar abertamente o desejo de implantar uma ditadura”, disse ele, sublinhando que o contexto político da época era marcado por pressões externas e internas.

    João Vicente também fez duras críticas às Forças Armadas brasileiras e sua participação em golpes de Estado ao longo da história do país. “Os militares precisam entender, de uma vez por todas, que não são o quarto poder. Está visivelmente constatado que as Forças Armadas precisam ser reformadas. Precisamos ter coragem de punir todos os militares golpistas que atuaram contra a democracia”, declarou.

    O filho do ex-presidente relacionou o papel histórico de Jango com o atual fortalecimento das relações sino-brasileiras, impulsionado pela recente visita de Estado do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil. “Estamos consolidando agora uma grande abertura, mas é importante lembrar que Jango foi um grande pioneiro nesse processo”, destacou. Durante a visita, em 20 de novembro de 2024, Xi Jinping e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinaram a Declaração Conjunta entre a República Popular da China e a República Federativa do Brasil sobre a Formação Conjunta da Comunidade de Futuro Compartilhado China-Brasil por um Mundo mais Justo e um Planeta mais Sustentável.

    A declaração simboliza a elevação das relações bilaterais a um novo patamar, com acordos em diversas áreas, como agricultura, comércio, ciência, tecnologia e desenvolvimento sustentável. Segundo João Vicente, os avanços são frutos de uma construção histórica. “Meu pai não caiu por seus erros, mas por seus acertos. Ele queria modernizar o Brasil com suas reformas de base, e essa parceria estratégica com a China era uma parte fundamental desse projeto”, afirmou.

    João Vicente também comentou sobre a interferência das grandes corporações na América Latina, mencionando que, à época de Jango, “os Estados Unidos já exerciam influência por meio dessas corporações”. Ele ainda relacionou esse cenário com os golpes de 1945, 1964 e 2016. “Os três golpes que aconteceram no Brasil foram resultado direto da atuação desses interesses, que não aceitavam um Brasil soberano”, disse.

    Para João Vicente, a atual relação entre Brasil e China é uma homenagem ao legado de Jango e uma responsabilidade para as gerações atuais. “O que estamos vivendo hoje é o reconhecimento de um caminho que começou lá atrás. O Brasil precisa continuar trilhando essa parceria estratégica com responsabilidade e visão de futuro”, concluiu. Assista:

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