Lejeune Mirhan: "Netanyahu vai perder essa guerra"
Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o sociólogo e especialista em geopolítica Lejeune Mirhan fez uma análise sobre o cenário atual do Oriente Médio
247 – Em entrevista ao Boa Noite 247, o sociólogo Lejeune Mirhan não poupou palavras ao classificar Israel como um "estado bandido", termo que, segundo ele, é comumente usado entre acadêmicos para descrever países que operam à revelia do direito internacional. "Israel é um estado bandido porque não cumpre o direito internacional, fica à margem das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas", afirmou o sociólogo. "E há outros estados bandidos. A Síria não é um estado bandido, a Coreia Popular também não, mas Israel é", continuou ele, ao argumentar que Israel, com o apoio irrestrito dos Estados Unidos, age impunemente na região.
Um dos pontos centrais da entrevista foi a discussão sobre o Hezbollah e sua importância na resistência ao que Lejeune chama de "agressão israelense". De acordo com o sociólogo, o grupo libanês conta com uma força militar considerável, com "cinquenta, sessenta mil soldados bem treinados e armados, mais do que o Exército Libanês", o que torna o Hezbollah uma força relevante no equilíbrio de poder na região. Ele também destacou o uso de túneis por parte do grupo, comparando-os à estratégia adotada pelo Vietnã durante a guerra contra os Estados Unidos: "O Vietnã venceu com túneis. O Hamas tem túneis, e o Hezbollah também".
Lejeune enfatizou ainda a resiliência do Hezbollah diante dos ataques israelenses, afirmando que a estrutura militar do grupo permanece intacta e que o uso de túneis subterrâneos é uma das chaves para resistir aos bombardeios aéreos. "Vi vídeos, parecem o Canal da Mancha de tão grandes", relatou, reforçando a ideia de que o grupo está preparado para longos conflitos.
Crítica aos Estados Unidos e ao sionismoAlém das críticas a Israel, o sociólogo teceu considerações severas sobre o papel dos Estados Unidos no apoio ao projeto sionista. Ele citou o livro de John Mearsheimer para destacar a influência que, segundo ele, Israel exerce sobre a política norte-americana: "Um dos dados chocantes do livro é que, nas eleições americanas, 60% das doações para democratas e republicanos vêm dos judeus americanos, que representam apenas 2% da população".
Essa relação entre os dois países, de acordo com Lejeune, cria uma dinâmica em que os Estados Unidos protegem Israel em detrimento do direito internacional, o que perpetua os conflitos no Oriente Médio. Ele também mencionou figuras políticas como Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez, que, segundo ele, apesar de suas origens e discursos iniciais críticos a Israel, acabam por se alinhar ao apoio norte-americano ao Estado sionista.
A visão sobre o Irã e o futuro da regiãoOutro ponto de destaque da entrevista foi a análise de Lejeune sobre o papel do Irã no cenário geopolítico atual. Segundo o sociólogo, o Irã não está isolado, como muitos acreditam, e continua a desempenhar um papel crucial no "eixo da resistência", que inclui também Síria, Líbano e outros atores. "O Irã não está isolado. O primeiro-ministro da Rússia visitou o Irã recentemente, o que não é coincidência", afirmou, sugerindo que há uma colaboração estratégica entre os dois países.
Apesar do cenário de conflito, Lejeune acredita que não haverá uma escalada para uma guerra regional ou mundial. Para ele, a situação atual se manterá como um conflito assimétrico, com Israel enfrentando grupos guerrilheiros, mas sem o envolvimento direto de grandes potências como Rússia ou China. "Netanyahu vai perder essa guerra", previu Lejeune, argumentando que, assim como os Estados Unidos perderam a guerra no Vietnã, apesar da superioridade militar, Israel não alcançará seus objetivos através da força bruta. Assista:
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