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    “Lula sabe que está numa corda bamba”, diz economista

    Paulo Nogueira Batista Jr analisa desafios do governo em meio ao ajuste fiscal e cenário político adverso

    (Foto: ABR | Brasil247)
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    247 - Em entrevista ao programa Brasil Agora da TV 247, o economista Paulo Nogueira Batista Jr afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta um cenário desafiador, tanto em termos econômicos quanto políticos, ao conduzir o ajuste fiscal e lidar com um Congresso considerado hostil. "Lula sabe que está numa corda bamba", destacou.

    Para Batista Jr, todo pacote fiscal implica em "um conflito distributivo". Segundo ele, "a discussão sempre é: quem vai pagar por isso? Se dependesse dos ricos, os ajustes sempre seriam pagos pelos pobres e pela classe média. Se dependesse da classe política, os ricos pagariam mais."

    O economista elogiou a iniciativa do governo de propor a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação dos mais ricos, mas ponderou que a implementação dessas medidas enfrenta resistência no Legislativo. "O governo fez um tiro de largada, ao anunciar a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação dos mais ricos. Mas todos sabem que o Congresso é hostil", afirmou.

    Sobre a reforma tributária, Batista Jr criticou a escolha do governo de priorizar a tributação sobre o consumo em vez da renda. "O governo priorizou na reforma tributária a questão dos impostos sobre o consumo – e não sobre a renda. Foi um erro."

    O economista alertou para os riscos do governo perder apoio popular ao atender demandas do mercado sem retorno político. "O mercado recebe as concessões do governo e sempre pede mais. O risco é Lula perder a sua base social sem conquistar o outro lado. As medidas antipáticas entram em vigor agora e as simpáticas só em 2026."

    Batista Jr ressaltou que, embora o ajuste fiscal fosse necessário, é essencial entender suas razões. "O ajuste fiscal era necessário, mas é importante se questionar o porquê desse ajuste", disse, destacando que o cenário macroeconômico brasileiro não justifica medidas excessivas. "A taxa de juros real brasileira é difícil de explicar. É uma das maiores do mundo, quando os dados macroeconômicos não justificam todo esse alarde."

    O economista também criticou as dinâmicas do Banco Central e alertou para os desafios dos próximos anos. "A partir de janeiro, o governo Lula não terá mais a desculpa Roberto Campos Neto. Os próximos dois anos serão conduzidos pelo Banco Central formado pelo próprio governo Lula. Seria uma decepção ter aumentos de juros nas primeiras reuniões do Copom em 2025."

    Batista Jr concluiu com críticas à desdolarização e às ameaças externas, particularmente do ex-presidente Donald Trump. "A desdolarização já está em andamento e foi provocada pelos Estados Unidos. A ameaça de Trump pode assustar alguns países dos BRICS, mas ele não pode impedir o que está acontecendo no chão de fábrica."

    A entrevista revelou os desafios políticos e econômicos que o governo Lula enfrenta, destacando as complexidades de equilibrar interesses diversos em um cenário marcado por pressões externas e internas. Assista: 

     

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