"Mísseis hipersônicos da Rússia colocaram OTAN em desespero", diz Pepe Escobar
Analista geopolítico destaca reação russa aos ataques ocidentais e alerta para risco de escalada global
247 – Em seu programa Pepe Café, o analista geopolítico Pepe Escobar abordou as tensões crescentes entre a Rússia e os Estados Unidos, destacando a resposta russa às provocações ocidentais, incluindo o recente envio de mísseis de longo alcance para a Ucrânia. Escobar alertou que essas ações poderiam desencadear uma escalada com potencial de configurar um conflito global, dependendo da reação de Moscou. “O envio de mísseis de longo alcance pela OTAN para atacar a Federação Russa não é apenas uma provocação. É uma armadilha em vários níveis, desenhada tanto para forçar uma resposta devastadora da Rússia quanto para prender os EUA e seus aliados em um ciclo de guerras perpétuas”, afirmou Escobar em tom crítico.
Escobar destacou a rapidez da resposta russa ao anúncio da utilização dos mísseis pelos ucranianos, sob coordenação dos EUA. Segundo ele, em menos de 48 horas, o presidente Vladimir Putin implementou um upgrade na doutrina nuclear russa. “Se houver um ataque coordenado pela OTAN ou pelos EUA, utilizando território ucraniano para atingir alvos civis ou militares dentro da Rússia, a resposta será avassaladora. Moscou já deixou claro que não hesitará em usar armas de destruição massiva contra bases estratégicas da OTAN, caso necessário”, explicou Escobar, enfatizando os testos com mísseis hipersônicos. "O uso desses mísseis colocou a OTAN em desespero", afirmou.
O analista também destacou a fala de Dmitry Medvedev, ex-presidente russo e atual membro do Conselho de Segurança, que classificou a situação como um ponto crítico:
“Medvedev deixou claro que estamos diante de um cenário onde qualquer ataque direto dos EUA ou da OTAN contra a Rússia pode ser interpretado como o estopim de uma Terceira Guerra Mundial. Não é apenas uma ameaça; é um aviso direto.”
G20 e a luta pela agenda global
Outro ponto de destaque da análise de Escobar foi o contraste entre as prioridades de diferentes blocos no cenário global. Ele elogiou o presidente Lula e a diplomacia brasileira por resistirem às tentativas do G7, grupo que Escobar chamou de “OTANistão”, de monopolizar a agenda do G20.
“Lula conseguiu imprimir um selo brasileiro no G20, focando em temas como combate à fome e desenvolvimento sustentável, enquanto o G7 insistia em discutir a guerra na Ucrânia e ignorava completamente o genocídio em Gaza. Foi uma vitória diplomática que reposiciona o Brasil como líder global”, afirmou Escobar.
Ele destacou que essa postura brasileira se alinha aos esforços dos BRICS para construir uma nova ordem multipolar, capaz de desafiar a hegemonia ocidental.
África e a construção de um mundo multipolar
Escobar também relatou suas recentes visitas à África do Sul, onde participou de encontros sobre o papel do continente no mundo multipolar. Para ele, a África possui todos os recursos necessários para emergir como uma potência global, mas precisa superar desafios internos, como a integração política e econômica.
“A unidade africana no mundo multipolar é um dos temas mais promissores do nosso tempo. Durante as discussões em Joanesburgo, ficou claro que o continente está pronto para moldar seu próprio caminho, com apoio de parceiros estratégicos como Rússia e China”, destacou Escobar.
Ele sugeriu que o Brasil pode desempenhar um papel fundamental nesse processo, promovendo diálogos semelhantes no próximo ano, com foco na integração Sul-Sul.
Cenário incerto
Encerrando sua análise, Escobar alertou que o desespero das elites ocidentais pode levar a decisões ainda mais irracionais, colocando o mundo em um estado permanente de tensão.
“Estamos no fio da navalha. As ações dementes de Washington e seus aliados nos empurram cada vez mais para o precipício, enquanto o Sul Global luta para construir uma alternativa baseada na paz e na cooperação”, concluiu o analista.
A análise de Pepe Escobar oferece uma visão ampla e detalhada do cenário geopolítico atual, conectando eventos regionais e globais para destacar os desafios e oportunidades na busca por uma nova ordem internacional mais equilibrada. Assista:
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