"Não sou catastrofista, mas realista, tensão será grande no Brasil após posse de Trump", diz Latuff
Cartunista alerta para riscos à democracia brasileira diante de possível retorno de Trump ao poder e fortalecimento do bolsonarismo com apoio externo
247 -Durante entrevista ao programa Bom Dia 247, o cartunista e analista político Carlos Latuff fez uma avaliação preocupante sobre o cenário político global e suas possíveis repercussões no Brasil com Donald Trump de volta à presidência dos Estados Unidos. Para Latuff, a combinação entre o fortalecimento do bolsonarismo e a política agressiva de Trump na América Latina criará um ambiente de grande instabilidade.
“Não sou catastrofista, mas realista”, afirmou Latuff, rebatendo críticas que costuma receber por suas análises. Segundo ele, a ameaça à democracia brasileira persiste, mesmo após dois anos de governo Lula. "Acreditar que a vitória de Lula dissolveu a base bolsonarista é uma fantasia", declarou. Ele enfatizou que setores das Forças Armadas brasileiras continuam influenciados pela agenda conservadora norte-americana e não descartou tentativas de desestabilização.
Influência Militar e Articulações Conservadoras
Latuff destacou a influência de Washington sobre os militares brasileiros, mencionando que oficiais das Forças Armadas brasileiras já foram instruídos por autoridades norte-americanas sobre supostas ameaças da China na região. "Quem dá as cartas nas Forças Armadas brasileiras ainda são os Estados Unidos. Se houver autorização para um golpe, eles têm apoio suficiente dentro do país", advertiu.
Ele também mencionou uma reunião da extrema-direita realizada recentemente em Buenos Aires, com a participação de figuras como Steve Bannon, Eduardo Bolsonaro e o próprio Trump, virtualmente. Para Latuff, isso indica uma coordenação internacional que pode ter impactos diretos nas democracias da América Latina.
Desdolarização como Ponto de Tensão
Outro fator mencionado por Latuff foi a oposição de Trump à desdolarização, agenda defendida por países como Brasil, China e Rússia no BRICS. "Trump já declarou que é contra qualquer iniciativa que ameace a hegemonia do dólar. Isso coloca o Brasil, como membro ativo do BRICS, na mira de ações econômicas e políticas norte-americanas."
Ele lembrou que o governo Lula também precisará lidar com pressões externas nesse contexto. "A tentativa de acordo com o Mercosul, por exemplo, deve ser vista como uma estratégia para blindar o Brasil contra futuras sanções econômicas."
Alerta à Sociedade e ao Governo
Latuff fez um apelo para que o governo brasileiro adote uma postura mais vigilante e ativa diante dessas ameaças. “Não vejo uma mobilização equivalente no campo progressista. Enquanto a extrema-direita se organiza internacionalmente, parece que estamos deslumbrados com uma falsa normalidade.”
Para ele, a política de conciliação adotada por Lula pode ser um erro estratégico diante de uma possível ofensiva geopolítica conservadora. "Com Trump de volta ao poder, a América Latina será um alvo prioritário, e o Brasil precisará de uma resposta firme e coordenada."
Concluindo sua análise, Latuff deixou um alerta: “São dois anos de porrada. Não temos tempo para ilusões. Se não houver preparo e resistência, o Brasil pode enfrentar um período ainda mais turbulento do que em 2016 ou 2018.” Assista:
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