"Não tem cabimento um deputado ter mais recursos que um ministério”, diz Glauber Braga
Deputado denuncia falta de transparência nas emendas parlamentares e critica poder concentrado por Artur Lira na Câmara dos Deputados
247 - Em entrevista ao Boa Noite 247, Glauber Braga (PSOL-RJ) fez duras críticas à gestão de emendas parlamentares liderada por Artur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados. O deputado destacou o descumprimento de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e irregularidades na distribuição de recursos públicos, com foco na concentração de verbas no estado de Alagoas, reduto eleitoral de Lira.
“Hoje, um deputado federal indica mais recursos do que um ministério na Esplanada. Isso não tem cabimento!”, afirmou Glauber, ressaltando que o atual modelo de distribuição de emendas cria um sistema de poder desproporcional. Segundo ele, Lira não apenas desrespeitou decisões do STF sobre a transparência nas emendas, mas também ignorou normas internas da própria Câmara para beneficiar seu estado e consolidar seu projeto político.
Denúncias de irregularidades e favorecimento político
Glauber explicou que o STF determinou que emendas parlamentares devem ser rastreáveis e contar com atas em comissões para identificar a origem e o destino dos recursos. Apesar disso, Artur Lira teria alocado, de forma arbitrária, cerca de R$ 180 milhões, sendo R$ 70 milhões direcionados exclusivamente para Alagoas. "O que justifica que Alagoas receba a maior fatia das emendas parlamentares, em um esquema que começa e permanece secreto?", questionou o parlamentar.
Ele também citou o caso dos "kits de robótica", em que recursos do orçamento secreto foram supostamente usados para beneficiar aliados políticos de Lira. Glauber mencionou ainda a ligação entre familiares de Lira e Luciano, articulador do PP, em empresas que estariam envolvidas em práticas suspeitas durante o governo Bolsonaro. "O que está sendo feito com essas emendas parlamentares é inconfessável", afirmou.
Mandado de segurança e ações judiciais
Diante das irregularidades, Glauber e o PSOL protocolaram um mandado de segurança no STF e apresentaram uma representação ao Supremo, apontando o descumprimento das regras de transparência pela Câmara. O parlamentar elogiou a postura do ministro Flávio Dino, que determinou a suspensão da liberação de R$ 4 bilhões em emendas sem deliberação adequada. "Flávio Dino está fazendo o correto e merece nosso reconhecimento", declarou.
Além disso, o deputado criticou a estrutura de poder construída por Lira, baseada no controle de bilhões de reais em emendas. “Se não enfrentarmos esse esquema agora, no futuro será tarde demais”, alertou. Glauber também propôs que as emendas fiquem congeladas até o término do recesso parlamentar e sejam discutidas em sessões extraordinárias, garantindo a transparência necessária.
Impactos no governo e na governabilidade
A denúncia de Glauber Braga reflete as tensões crescentes entre o Legislativo e o Executivo, sobretudo no contexto do orçamento secreto e do manejo de recursos públicos. Segundo o deputado, a atual situação obriga ministérios a "implorar" por verbas enquanto parlamentares têm à disposição somas desproporcionais. "Não é justificável que um ministério tenha que ficar de pires na mão enquanto deputados concentram mais de R$ 50 bilhões em emendas", criticou.
As declarações de Glauber Braga colocam luz sobre o poder desmedido do presidente da Câmara e levantam questões sobre o uso de recursos públicos no Brasil. A falta de transparência e a centralização de emendas parlamentares apontam para um modelo político que favorece interesses particulares em detrimento do interesse público. Para Glauber, é essencial que as instituições atuem de forma firme para frear o que considera "um esquema insustentável". Assista:
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