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"Netanyahu despreza completamente as leis internacionais e comete vários crimes de guerra", diz Jeffrey Sachs

Em entrevista, o economista denuncia o papel dos EUA nos conflitos internacionais e alerta para os riscos de escalada militar

(Foto: .REUTERS/Max Rossi)

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247 – O professor Jeffrey Sachs, renomado economista e especialista em política internacional, fez duras críticas às estratégias diplomáticas e militares dos Estados Unidos nos conflitos envolvendo Israel e Ucrânia. A entrevista, concedida ao canal "Judging Freedom", foi conduzida por Andrew Napolitano e discutiu a falta de soluções políticas para crises que têm custado milhares de vidas.

Sachs não poupou palavras ao abordar o que considera o fracasso da diplomacia global, especialmente em relação à postura do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Segundo Sachs, "o governo de Netanyahu despreza completamente as Nações Unidas" e a política israelense tem sido marcada por "crimes de guerra" e a rejeição sistemática da criação de um Estado palestino. Ele destacou que "140 membros da ONU já reconheceram a Palestina como um Estado", e que, não fosse pelo veto dos EUA no Conselho de Segurança, "a solução de dois Estados já teria avançado".

A crítica de Sachs vai além de Israel, concentrando-se também no papel dos EUA como "barreira principal para a paz". O economista aponta que, ao lado de Israel, os EUA são responsáveis por bloquear a implementação de uma solução viável para o conflito na região. "A política dos EUA é de apoiar o extremismo de Israel", acusou. Para ele, a estratégia de Netanyahu é clara: “mostrar força para o público interno e para os aliados em Washington”, mesmo que isso implique ofender a comunidade internacional.

"Jogos de poder e desprezo pela vida"

No tocante à Ucrânia, Sachs teceu comentários contundentes sobre a guerra com a Rússia. Ele alertou para o perigo crescente de uma escalada militar que envolva diretamente a OTAN e criticou o que chamou de "jogos de poder" por parte dos países ocidentais, que colocam a vida de milhares de ucranianos em risco. “Os oficiais dos EUA não se importam com as mortes de palestinos e ucranianos. Isso não é uma acusação minha, é uma observação de seu comportamento”, afirmou Sachs.

Ele criticou também a falta de uma estratégia política para encerrar o conflito: "Essas guerras não vão terminar com a derrota militar da Rússia nem com a derrota dos palestinos", disse, acrescentando que "não há fim militar para esses conflitos, apenas uma solução política é possível". A guerra na Ucrânia, segundo ele, é resultado de "interesses legítimos" da Rússia que os EUA se recusam a reconhecer.

Risco de guerra nuclear

Um dos momentos mais alarmantes da entrevista foi a previsão de Sachs de que o conflito na Ucrânia pode caminhar para uma catástrofe nuclear. Ele destacou que, se a guerra convencional continuar a escalar, a Rússia, em um momento de desespero, pode recorrer a armas nucleares. “Se a Rússia começar a perder essa guerra em termos convencionais, Deus nos ajude, porque as chances de uso de armas nucleares aumentariam drasticamente”, alertou.

O professor também criticou a postura da Grã-Bretanha, que, segundo ele, tem sido ainda mais "beligerante" que os EUA. Sachs lamentou o papel do ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson em sabotar um acordo de paz entre a Ucrânia e a Rússia em 2022, o que, de acordo com ele, levou a uma escalada desnecessária do conflito.

Falta de transparência e manipulação política

Sachs encerrou a entrevista com uma dura crítica à forma como as decisões são tomadas em Washington, sugerindo que há uma falta de transparência e responsabilidade nos altos escalões do governo dos EUA. Ele acusou a administração atual de manter o povo americano "no escuro" sobre os reais riscos de uma escalada nuclear e de "mentir sobre as questões políticas" que estão em jogo.

Com seu tom incisivo e direto, o professor Jeffrey Sachs trouxe à tona questões urgentes sobre a política externa dos EUA e o papel de países como Israel e Grã-Bretanha na perpetuação de conflitos que, segundo ele, poderiam ser resolvidos por vias diplomáticas, mas que são deliberadamente ignorados. "Precisamos de paz, de uma política honesta e ética", concluiu. Assista: 

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