Paulo Nogueira vê Brasil sob ameaça e risco de “enxurrada de produtos chineses” após choque de Trump
Economista alerta para a obsessão dos EUA em conter a China e diz que o Brasil deve agir com cautela para não virar mero receptor de mercadorias
247 – A guerra comercial entre Estados Unidos e China pode ter efeitos colaterais graves para o Brasil, segundo alerta do economista Paulo Nogueira Batista Júnior. Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, ele ressaltou que “os chineses nunca gostariam de estar na situação em que estão. A preferência deles seria o entendimento com os Estados Unidos, mas conter a China é uma obsessão americana”.
Com o crescente protecionismo norte-americano, Batista Júnior prevê que Pequim busque redirecionar suas exportações para outros mercados. “O mercado americano é muito importante para a China, mas haverá um esforço sistemático dos chineses para redirecionar o comércio. O Brasil tem que tomar muito cuidado. Não podemos descartar um cenário de enxurrada de produtos chineses”, disse.
Nesse contexto, o economista alerta que a política comercial brasileira não pode ser ingênua, sobretudo em um momento em que vários países adotam medidas protecionistas. “O mundo se tornou protecionista. Os países que quiserem brincar de livre comércio vão sofrer muito. Me preocupa o presidente Lula defender o livre comércio no contexto atual. Em que mundo as nossas autoridades estão vivendo?”, questiona.
Para Batista Júnior, “a China tem uma agenda muito clara, que é a China em primeiro lugar”, o que significa que a parceria sino-brasileira pode ser benéfica apenas se o Brasil buscar uma estratégia sólida de reindustrialização e defesa de seus interesses. “A China só irá atuar para reindustrializar o Brasil se o Brasil se organizar para isso. O que mudou após o choque Trump é que hoje temos uma China que precisa de outros países”, frisou.
Ele também destaca que é fundamental falar em política industrial nesse momento de incertezas, pois “a indústria gera empregos de qualidade e estabilidade social”. Para Batista Júnior, o Brasil carece de um plano de longo prazo que proteja e fortaleça sua estrutura industrial. Enquanto isso não ocorre, alerta o economista, o país permanecerá vulnerável às oscilações de uma ordem internacional que ele considera cada vez mais fragmentada e imprevisível. Assista:
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