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      Pepe Escobar: ‘teremos uma nova Yalta, com Trump, Putin e Xi Jinping’

      Analista geopolítico aponta desmoronamento da OTAN e da União Europeia e destaca a importância da cúpula dos BRICS no Rio de Janeiro

      (Foto: Reuters | Brasil247)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 – Em entrevista à TV 247 nesta quarta-feira (5), o jornalista e analista geopolítico Pepe Escobar fez uma análise contundente sobre as transformações na ordem mundial. Segundo ele, está em curso um realinhamento global que levará a uma nova configuração das potências, comparável à Conferência de Yalta, realizada em 1945, quando Franklin D. Roosevelt (EUA), Winston Churchill (Reino Unido) e Josef Stálin (União Soviética) redesenharam o mapa político do mundo após a Segunda Guerra Mundial.

      Desta vez, no entanto, Escobar aponta que os protagonistas seriam Donald Trump, Vladimir Putin e Xi Jinping. Para ele, a Europa "se enterrou" e assiste ao desmoronamento simultâneo da OTAN e da União Europeia, sem perspectivas de reversão desse quadro. "Os Estados Unidos farão uma saída lenta, gradual e segura da OTAN", afirmou, acrescentando que Washington não tem mais interesse em sustentar a segurança dos europeus diante de uma "ameaça que não existe".

      Outro ponto central da análise de Escobar é a virada da Rússia para a Eurásia e o Sul Global. "A grande relação geoeconômica da Rússia não é mais com os europeus, é com a Eurásia e com o Sul Global", afirmou, reforçando que a projeção russa está voltada para China, Índia, Irã e os países do BRICS. "A Rússia não está mais olhando para o Ocidente".

      Trump, segundo Escobar, percebeu essa mudança estrutural e está "quebrando o padrão da Guerra Fria". Para o jornalista, tanto o grande empresariado americano quanto os oligarcas russos desejam restabelecer laços comerciais. "O grande business americano e os oligarcas russos querem voltar a fazer negócios".

      Apesar dessa aproximação, Escobar alerta que os EUA seguirão buscando formas de desestabilizar os BRICS, mas "com outros métodos". Ele classifica um possível segundo mandato de Trump como "totalmente antagônico aos BRICS", o que, segundo ele, amplia ainda mais a relevância da cúpula do grupo no Rio de Janeiro este ano. "E por isso mesmo a cúpula do Rio de Janeiro é tão importante", destacou.

      Entenda o que foi a Conferência de Yalta

      A Conferência de Yalta, citada por Escobar, foi um marco histórico na reconfiguração do poder global. Realizada em fevereiro de 1945, reuniu os líderes das três principais potências aliadas para definir o futuro da Alemanha derrotada e os novos equilíbrios geopolíticos pós-guerra. A ideia de uma nova Yalta, com Trump, Putin e Xi Jinping, sugerida por Escobar, reflete uma nova divisão de influências e um declínio da hegemonia ocidental, com a ascensão de novas potências.

      A cúpula dos BRICS no Rio de Janeiro será um palco crucial para essa disputa. O encontro poderá consolidar um novo caminho para a multipolaridade global, em um momento em que os EUA buscam redefinir sua política externa e o Sul Global ganha protagonismo. Assista:

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