"Uma alta na taxa de juros a 15% jogaria a classe média no colo de Bolsonaro", alerta Fernando Horta
Historiador analisa os impactos das políticas monetárias do Banco Central e a influência delas no cenário político de 2026
247 - Em entrevista ao programa Bom Dia 247, o historiador Fernando Horta analisou os desdobramentos das atuais políticas monetárias conduzidas pelo Banco Central, alertando para seus impactos econômicos e políticos. Ele destacou que, embora a taxa básica de juros não esteja atualmente em 15%, há uma preocupação crescente com a sinalização de um possível aumento, o que poderia comprometer a economia e moldar o cenário eleitoral de 2026, favorecendo o retorno de Jair Bolsonaro.
"A taxa básica de juros de 15% ao ano não apenas desestabiliza a economia, mas torna a vida do presidente Lula uma desgraça. Essa política impacta diretamente a classe média, que depende de crédito e já está sentindo o peso dos juros no cartão de crédito e no cheque especial", afirmou Horta. Segundo ele, mesmo sem a taxa atingir esse patamar, a percepção de alta dos juros já gera uma sensação de empobrecimento que alimenta a insatisfação com o governo federal. "É o que vimos no governo Dilma, quando o desgaste econômico foi amplificado pela narrativa política. Estamos revivendo esse ciclo."
O peso econômico sobre a classe média
Horta explicou que a classe média, além de sofrer diretamente com os juros altos, também sente os efeitos indiretos por ser empregadora de trabalhadores assalariados e consumidora de serviços que seguem o reajuste do salário mínimo. "Embora a classe média não viva diretamente do salário mínimo, ela paga por ele, o que significa que, enquanto os juros sobem, o impacto é amplificado em outros custos, como energia, combustíveis e serviços domésticos."
Um pacto produtivo como solução
O historiador destacou que uma solução para reverter esse cenário seria a construção de um pacto produtivo, algo que já foi sugerido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). "A CNI pediu que as forças produtivas tivessem mais espaço na economia, rompendo com a lógica de ganhos exclusivos do mercado financeiro. Se isso acontecer, a reeleição de Lula será facilitada, pois haveria um ambiente de crescimento econômico que favoreceria sua candidatura", disse.
Postura do Banco Central gera ceticismo
Apesar das propostas de solução, Horta demonstrou ceticismo em relação à possibilidade de mudanças na postura do Banco Central, comandado por Gabriel Galípolo. Ele mencionou o histórico do atual presidente da instituição, que, quando ocupava o cargo de diretor de Política Monetária, votou alinhado com Campos Neto em quase todas as decisões. "Galípolo não deu nenhuma indicação de que pretende reverter a alta dos juros. Pelo contrário, tudo que temos até agora aponta para a continuidade dessa política, o que é preocupante para o próximo ano."
Impactos eleitorais e a ameaça bolsonarista
Horta também destacou como a política monetária pode influenciar o cenário eleitoral de 2026. Segundo ele, o desgaste econômico gerado pela alta dos juros pode levar a classe média a apoiar a oposição, especialmente Jair Bolsonaro, que se beneficia politicamente desse cenário. "Bolsonaro teve um apoio significativo nas últimas eleições por conta da percepção de empobrecimento da classe média. Se isso não for revertido, a história pode se repetir."
O historiador ressaltou ainda que o impacto dos juros elevados transcende questões econômicas, afetando a confiança da população na gestão do governo. "Quando você combina juros altos com aumentos nos preços de itens essenciais como gasolina e energia, cria-se uma narrativa de incompetência administrativa que é facilmente explorada por opositores políticos."
O papel da mídia e a narrativa de crise
Horta também criticou a grande mídia, especialmente a Rede Globo, por alimentar a percepção de crise econômica no Brasil. Ele comparou a atual cobertura midiática àquela que precedeu o impeachment de Dilma Rousseff, classificando as manchetes alarmistas como uma estratégia de desgaste político. "Estamos vendo um novo ataque especulativo. Assim como fizeram com Dilma, tentam cristalizar na sociedade a ideia de que o governo está perdido e a economia à beira do colapso, o que não é verdade."
Uma batalha decisiva para o futuro político
Encerrando sua análise, Horta enfatizou que o governo Lula precisa agir rapidamente para alterar a percepção da população sobre a economia e construir um ambiente favorável ao crescimento. "Se o governo não reverter esse cenário de juros altos e crise econômica fabricada, estará entregando de bandeja a narrativa para seus adversários. 2026 já começou, e a batalha será decidida não apenas nas urnas, mas nas decisões econômicas tomadas hoje." Assista:
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: