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    Menina de 14 anos estuprada pelo marido da avó viaja de SP à Bahia para realizar aborto legal

    Falta de atendimento em São Paulo forçou a família a viajar mais de 2.000 km para interromper gravidez, fruto de um estupro; criminoso continua foragido

    Manifestação contra o PL 1.904/24 (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

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    247 - Uma menina de 14 anos de Guarulhos (SP), identificada pelo nome fictício Karen, precisou viajar até Salvador (BA) para realizar um aborto legal após ser estuprada pelo marido de sua avó. De acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo, a jovem, que estava na 31ª semana de gestação, não conseguiu atendimento em dois hospitais de São Paulo, onde o procedimento é limitado a 20 semanas. A tragédia revela falhas graves no sistema de saúde e na aplicação da justiça, já que o criminoso permanece foragido.

    Vânia, mãe de Karen, também com nome fictício, notou o aumento do volume abdominal da filha e, após insistência, descobriu o abuso. Desesperada, registrou um boletim de ocorrência e procurou o Hospital da Mulher em São Paulo, onde a filha foi submetida a exames e ao coquetel anti-HIV, mas informada de que o aborto não poderia ser realizado devido ao estágio avançado da gestação. No Hospital Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, receberam a mesma negativa, agravada pela suspensão do serviço pela prefeitura.

    Sem alternativas, mãe e filha viajaram de ônibus até Salvador, enfrentando uma jornada de dois dias e cinco horas. O procedimento foi finalmente realizado no Hospital da Mulher na capital baiana. "Minha filha não aguentava mais a situação", relatou Vânia, destacando o sofrimento psicológico e físico da menina. Enquanto isso, o estuprador continua foragido. "Minha filha sempre pergunta: 'e aí, mãe, não vai acontecer nada com ele? Por que ele não foi preso se cometeu um crime?'", disse Vânia.

    O caso ganha contornos ainda mais dramáticos diante da tramitação urgente do Projeto de Lei Antiaborto por Estupro na Câmara dos Deputados, que propõe a criminalização do aborto após 22 semanas de gestação para vítimas de estupro. "Cadê a lei? Cadê a Justiça? Não existe. Querem culpar a vítima de estupro e não vão atrás de quem faz esses absurdos", desabafou Vânia.

    Ainda de acordo com a reportagem, a recuperação de Karen tem sido lenta e dolorosa, mas ela recebe apoio psicológico do SUS e do Conselho Tutelar. Aos poucos, ela retoma a vida, cursando o primeiro ano do ensino médio e jogando vôlei. A família, apesar da dor, mantém a esperança. "A gente crê em Deus, e eu acho que, apesar de tudo o que aconteceu com minha filha, ele tem um propósito grande para a vida dela", finaliza Vânia.

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