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"Neoliberalismo explica a crise democrática no Brasil", diz Pochmann

Modelo primário-exportador criou legião de precarizados nas grandes metrópoles, diz o presidente do IBGE

Marcio Pochmann (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247)

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247 – A experiência democrática brasileira, ainda jovem e frágil, enfrenta uma crise profunda, fundamentada em dois pilares principais que se consolidaram desde a década de 1990, com a integração passiva e subordinada do país à globalização neoliberal. Essa análise foi feita por Marcio Pochmann em sua rede social, destacando os efeitos devastadores das políticas neoliberais no Brasil.

O primeiro pilar, segundo Pochmann, é o declínio econômico das metrópoles situadas nas regiões litorâneas do país. Essas cidades, que foram fundamentais para o auge da industrialização nacional e para a mobilização contra o regime militar no final dos anos 1970, sofreram um processo de desindustrialização. A reorientação da economia para um modelo primário-exportador transformou essas áreas em focos de desemprego e precariedade.

A erosão da classe média assalariada e a perda de bons empregos para a classe operária foram agravadas pelas reformas neoliberais, que precarizaram as condições de trabalho e enfraqueceram os sindicatos. Com a identidade e o pertencimento de classe social enfraquecidos, a relação entre capital e trabalho foi substituída por uma dinâmica de débito-crédito, minando o sindicalismo e os partidos de base laborista. A burocratização interna e a lógica eleitoral restrita contribuíram para a percepção generalizada de que todos os partidos são "farinha do mesmo saco".

A Nova Configuração Socioeconômica

O segundo pilar é a nova configuração socioeconômica e demográfica das regiões mais dinâmicas do país. Situadas no circuito de conexão direta com o exterior, essas cidades passaram a atuar sob um modelo primário-exportador, semelhante ao dinamismo chinês. Essa transformação resultou no encolhimento do poder executivo e no expansionismo parlamentar, favorecendo projetos pessoais e a lógica do protagonismo individualista.

Pochmann destaca que essa configuração lembra a República Velha, onde o descrédito na democracia era uma constante, impulsionado pelas práticas da política do "café com leite". A combinação do Estado mínimo com o protagonismo parlamentar individualista reflete a mesma lógica neoliberal que contribuiu para a crise democrática atual.

A análise de Marcio Pochmann sobre a crise da democracia brasileira revela os profundos impactos das políticas neoliberais adotadas desde a década de 1990. O declínio das metrópoles litorâneas e a nova configuração socioeconômica do país são pilares que sustentam o esvaziamento da experiência democrática brasileira, contribuindo para o descrédito generalizado nas instituições democráticas. Confira:

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