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Sul Global contribui com 90% do trabalho mundial e detém 20% da riqueza

Estudo mostra como os países centrais se apropriam da riqueza gerada na periferia do capitalismo

Funeral simbólico de potências imperialistas e da Otan em Cabul (Foto: Reuters)

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247 – Um estudo recente publicado na revista Nature expôs a dinâmica desigual entre o Norte e o Sul Global no que tange à distribuição de trabalho e riqueza na economia mundial. Conforme o artigo, reportado pela agência Sputnik, 90% das horas de trabalho dedicadas à produção global em 2021 foram realizadas pelo Sul Global, que, no entanto, reteve apenas 20% da renda global.

O estudo intitulado "Troca desigual de trabalho na economia mundial" mostra como salários mais baixos no Sul são traduzidos em mais horas de trabalho em comparação com os salários no Norte. Economistas ouvidos pela Sputnik Brasil indicam que essa estrutura remonta à origem do capitalismo, caracterizada pela exploração através da apropriação de recursos naturais e trabalho. Juliane Furno, economista e professora na UERJ, menciona que, historicamente, a exploração era realizada de forma primitiva por meio de pilhagens e expropriações, mas agora evoluiu para métodos mais sofisticados dentro dos mecanismos de mercado.

De acordo com o artigo, atualmente a pressão para suprimir salários no Sul Global vem de políticas do Norte, incluindo programas de ajustes estruturais propostos por organizações como o FMI e o Banco Mundial. Essas políticas incluem a desvalorização de moedas e a remoção de proteções trabalhistas e ambientais, o que barateia a produtividade do Sul em relação aos países desenvolvidos.

A produção de produtos como o iPhone é citada no estudo como exemplo da maneira como o trabalho é explorado no Sul para benefício dos empresários no Norte, onde os lucros são majoritariamente realizados. Pedro Faria, economista, aponta que, apesar da superexploração, existem elites nos países do Sul que se beneficiam desse sistema, mantendo a economia em uma posição subordinada aos interesses do Norte.

O artigo também aborda a emergência de um novo tipo de relação econômica com a ascensão da China, caracterizada por um multilateralismo que busca desenvolver as nações parceiras, em contraste com a abordagem imperialista prevalecente nos séculos XIX e XX. Os projetos de infraestrutura na África são exemplos da abordagem chinesa para estabelecer relações comerciais mais equilibradas.

Este estudo contribui para um entendimento mais profundo das desigualdades estruturais no sistema capitalista global e sugere que um equilíbrio de forças na geopolítica mundial poderia ajustar esse padrão de exploração econômica.

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